Participantes do evento olham para fotos da revolucionária. Foto Incendiary news
Em 28 de dezembro, o Comitê de Apoio à Luta Popular no Brasil (CALPB) em Los Angeles realizou um evento comemorando a vida e a luta da companheira Remís Carla Costa, estudante e ativista do Movimento Feminino Popular (MFP) do Brasil assassinada em 2017 em um caso de feminicídio.
Remís foi uma jovem revolucionária que atuou também no Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR) em 2012, liderando uma das maiores campanhas de agitação e propaganda deste movimento.
Caderno com notícias do jornal AND sobre a luta e vida de Remis. Foto: Incendiary news
“Enquanto era estudante da Universidade Federal de Pernambuco e perto de receber seu diploma, seu trabalho não se limitou à universidade, e ela foi uma importante defensora da luta camponesa, liderada pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP). Ela contribuiu para a construção de Escolas Populares nas áreas organizadas pela LCP”, coloca o portal revolucionário estadunidense Incendiary News.
“No final de dezembro de 2017, a companheira Remis estava desaparecida e seus companheiros e outros estudantes haviam realizado uma campanha para encontrá-la, pressionando o governo estadual e expondo como o velho Estado reacionário desconsidera a vida das mulheres desaparecidas e brutalizadas. O corpo de Remís foi encontrado em 23 de dezembro, ela havia sido assassinada por um ex-namorado abusivo. Embora ela tivesse apenas 24 anos, o impacto de sua morte foi sentido em todo o Brasil e internacionalmente”, informa o jornalista.
Remis Carla com crianças no campo brasileiro.
No evento em sua memória realizado em Los Angeles, foi montada uma mesa com imagens de Remís e artigos em inglês do AND. O evento começou com discursos de militantes do CALPB: “Remis era querida pelas massas e por seus companheiros, descrita como ferozmente dedicada ao movimento popular e democrático… um movimento que sempre tomou as ruas em uníssono com as massas, lutando lado a lado com o povo brasileiro”.
“Nós olhamos para ela como um exemplo do que significa servir ao povo. Ser total e plenamente dedicada aos trabalhadores e, mesmo diante da morte, ainda ser reconhecida pela revolucionária que ela era e sempre será”, disse uma ativista estadunidense. “Quando dizemos que ela está presente na luta significa que suas ações nunca serão esquecidas e que coletivamente seu trabalho só tem ajudado e impulsionado o movimento”, encerra.
No final do evento, os oradores abriram uma discussão com os participantes. Ao falar sobre a conexão entre as lutas no USA e no Brasil, os participantes identificaram a polícia como inimiga do povo, mencionando especificamente como o Estado não protege os interesses e a vida de mulheres como Remís.
Após a discussão sobre a opressão feminina na velha sociedade, os palestrantes convidaram os participantes a escrever em dois cartazes, um com citações inspiradoras e o segundo com mensagens de solidariedade para os revolucionários no Brasil. Os participantes escreveram mensagens como “Estamos profundamente inspirados pelo trabalho que todos vocês fazem. Viva a luta popular no Brasil” e “A companheira Remís será lembrada para sempre pelo povo”.
Revolucionários estadunidenses comemoram a vida e Luta da companheira Remis Carla. Foto: Incendiary News
Neste momento, foi exibido um vídeo da organização revolucionária colombiana Movimento Estudantil a Serviço do Povo (Mesp), no qual enviam uma mensagem de solidariedade ao Brasil, cantando: Compañera Remís, presente en la lucha! (Companheira Remís, presente na luta!) e os participantes cantaram junto ao vídeo.
Para encerrar o evento, as ativistas conduziram um seminário de autodefesa para as mulheres. Elas ensinaram conceitos básicos, como uma postura de luta, quebra de pulso, sair de um estrangulamento e fugir de um agressor quando presa ao chão.
Participantes do evento recebem seminário de autodefesa. Foto Incendiary news.
“Hoje”, conclui o jornalista do Incendiary News, “as mulheres revolucionárias em toda a América Latina servem de inspiração para as mulheres no USA. As valiosas lições da luta das mulheres no Brasil, assim como as envolvidas na Guerra Popular do Peru, mostram às mulheres um caminho claro, rompendo com o feminismo burguês e o pacifismo e lutando pela verdadeira libertação através da luta de classes”.
Cartazes feitos pelos revolucionários estadunidenses enviando mensagens de solidariedade à companheira Remis e o movimento revolucionário brasileiro. Foto: Incendiary news