Bombeiros retiram um dos 259 corpos vítimas da Vale. Foto: Banco de Dados AND
A grande mineradora Vale, responsável pela morte de 259 pessoas e o desaparecimento de 11 após o rompimento de uma barragem na cidade de Brumadinho em Minas Gerais, entrou com uma ação no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e conseguiu proibir qualquer tipo de manifestação nas estradas de acesso ao município, bem como nas dependências administrativas da empresa e de suas terceirizadas na região.
A juíza Renata Nascimento Borges acatou o pedido e agora, segundo a ordem judicial, cada morador que teve seu ente querido morto ou que teve sua casa destruída e quiser protestar terá que pagar uma multa de R$ 5 mil.
De acordo com a liminar, as manifestações “atrapalham” as obras de reconstrução do município e causam “aglomeração”.
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“Depois de tudo que sofremos, agora estamos proibidos de nos manifestar, de buscar nossos direitos. Me pergunto onde fica nosso direito de livre expressão? Por que somente a cidade de Brumadinho está sendo oprimida assim? A Vale diz que está pagando igual a todos, o que é mentira”, disse um morador inconformado com a decisão judicial.
Até agora, o crime, que já ultrapassa um ano e quatro meses de impunidade antecedido de outro crime semelhante, o crime de Mariana, segue impune. A única resposta parcial do velho Estado foi a denúncia, via Ministério Público de Minas Gerais, de 16 pessoas por homicídio doloso e crime ambiental, entre elas Fábio Schvartsman, ex-presidente da mineradora. Até agora, todavia, nada avançou.
Protesto contra a Vale, em Brumadinho. Foto: Odilon Amaral