O docente da Universidade Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) e documentarista Evandro Medeiros irá a julgamento na esfera criminal no próximo dia 22 de Outubro em ação iniciada pela mineradora Vale, que o acusa de ter realizado uma manifestação, na qual, segundo a mesma, “houve obstrução do trilho e que isso poderia ter provocado acidentes com o trem de carga e de passageiros”.
O professor Medeiros explica que o que aconteceu, de fato, foi uma aula aberta, na qual eram visitadas as áreas com risco de rompimento devido às atividades da Vale. Segundo o professor, “a intenção era levar os alunos para observarem essa realidade e compreenderem que aquilo que aconteceu em Mariana, acontece cotidianamente em Marabá. Cotidianamente as pessoas são violadas em seus direitos e são impactadas pela atividade da mineração, na qualidade de vida delas. Éramos 35 pessoas, não tínhamos nem condições de bloquear os trilhos. Não tínhamos barricada, madeira, ou qualquer coisa do tipo e também nem era intenção, estávamos para um ato discursivo”.
A ação foi impetrada logo após o rompimento da barragem da mineradora que soterrou a cidade de Mariana, em 2015. Ainda segundo Medeiros, o processo é uma clara tentativa de censura.
“Quando ela processa um professor universitário, mais que uma liderança comunitária, quando ela processa um advogado dos movimentos sociais ou um religioso que assessora os movimentos, ela está dizendo que pode processar qualquer um, ‘então não se envolvam em atos, atividades contra a mineração, não façam denúncias, fiquem calados, porque eu posso levar qualquer um a cadeia’… quase que dizendo que tem a justiça nas mãos”, relata o professor.
Uma rede de solidariedade tem se mobilizado e crescido cada vez mais para apoiar o professor, assim como os mais de 170 processados pela Vale.
Manifestação contra a Vale. Foto: Reprodução/Redes sociais