Enquanto as massas populares do mundo, incluindo o Estados Unidos (EUA) olham com desgosto para a vitória de Donald Trump (assim como muitos olhariam para a vitória de Kamala Harris, dado o desprezo pelo velho sistema político ianque), no Brasil, Luiz Inácio parabenizou o magnata ultrarreacionário pela vitória.
“Meus parabéns ao presidente Donald Trump pela vitória eleitoral e retorno à presidência dos Estados Unidos”, disse o mandatário brasileiro, que em discurso sobre a campanha eleitoral ianque disse, num surto de demagogia, que o “nazismo estava voltando com outra cara”.
E, mantendo a postura de defensor intrépido da democracia burguesa como valor universal, disse que a eleição de Trump representou “a voz do povo” e que ela “deve ser respeitada” – diferente do que considerou sobre a Venezuela, a ponto de não reconhecer até hoje a vitória eleitoral de Nicolás Maduro e ter vetado a Venezuela no Brics simplesmente pelo sistema venezuelano não ter seguido as orientações ianques para o pleito.
A declaração é vergonhosa, mas não surpreendente. Luiz Inácio tem se destacado pela obediência ao imperialismo norte-americano; obediência que não se restringe ao chefete da vez, e sim ao regime político norte-americano e sua dominação histórica sobre o Estado semicolonial brasileiro. É assim no tema da Venezuela, na questão Palestina (ao não romper com Israel), na política econômica (com as medidas de austeridade) e até nos discursos.
O que Luiz Inácio quer é mostrar que está “aberto ao diálogo” e não entrará em choque com o governo trumpista, seja pela condenação das medidas na política interna ianque, seja pelos avanços carniceiros do imperialismo norte-americano no Brasil. Tudo isso para preservar a cadeira e a sacrossanta governabilidade.
O que Luiz Inácio consegue é minar ainda mais a própria popularidade, inclusive dentro das bases que um dia o apoiaram. Toda a conciliação do governo com a extrema-direita e com o centrão – setor hoje aglutinado em grande parte sob o bolsonarismo, e para quem Luiz Inácio entregou o orçamento e a agenda política – só conduziram o governo a estes resultados.
Enquanto isso, a extrema-direita brasileira se fortalece, mediante o avanço das suas pautas (como a PEC da Anistia) e aproveitando-se da cova que o governo cava para si mesmo. Conta, agora, com impulso internacional, e já calcula os próximos passos com base nisso.
O monopólio de imprensa já deu os primeiros sinais: “STF não resistirá a ‘vento contra’ de Trump e deixará Bolsonaro disputar as eleições de 2026, dizem aliados” é o título da coluna de Monica Bergamo, na Folha de São Paulo. A matéria diz que os aliados de Bolsonaro apostam que o STF não vai suportar as pressões da extrema-direita depois da vitória de Trump e os próprios ministros do STF admitem que haverá aumento da pressão.