O general Braga Netto irrigou o centrão com R$ 1 bilhão na época em que foi ministro da Defesa de Bolsonaro, segundo revelações recentes do monopólio de imprensa Uol. As verbas foram destinadas para a base aliada do ex-presidente Bolsonaro por meio de um grande esquema com envolvimento do Ministério da Defesa e do Ministério da Economia, no qual os deputados recebiam as verbas para destinar aos redutos eleitorais.
De acordo com o que foi revelado, Braga Netto enviou cerca de R$ 1 bilhão de seu ministério para um programa denominado Calha Norte, supostamente responsável por fazer repasses para obras de infraestrutura nas regiões do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Na realidade, o programa estava funcionando como um intermediário entre as verbas dos ministérios e o bolso dos políticos beneficiados.
O esquema foi realizado para contornar a proibição do orçamento secreto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2021. O esquema contou ainda com a participação de Paulo Guedes. Juntos, Netto e Guedes enviaram cerca de R$ 328 milhões, recursos estes aprovados na forma de lei pelo Congresso Nacional. Todavia, mesmo após a desproibição do orçamento secreto por parte da ministra Rosa Weber, com a condição de que reveladas as identidades dos apadrinhados, o esquema se manteve.
Dez dias após a proibição definitiva do chamado orçamento secreto pelo STF, o Ministério da Economia injetou outros R$ 703 milhões ao programa Calha Norte, que novamente intermediou a passagem do dinheiro aos políticos aliados do fascista Bolsonaro. As movimentações ilegais prosseguiram mesmo após a saída de Braga Netto do Ministério da Defesa e sua substituição por Paulo Sérgio Nogueira.
Ao monopólio de imprensa Uol, o próprio Ubiratã Poty, general responsável pelo programa Calha Norte, admitiu que havia caráter político na liberação de verbas: “Isso [os recursos com o carimbo de políticos] foi [definido] através de documentos específicos lá do Congresso”, afirmou.
Não é o primeiro caso de envolvimento de Braga Netto em esquemas de corrupção. Nas últimas semanas, o general foi investigado pela participação em uma tentativa de enriquecimento ilícito por meio de contratos sem licitação durante a intervenção militar no Rio de Janeiro. O esquema se soma, ainda, aos vários casos recentemente revelados de corrupção nas fileiras das Forças Armadas reacionárias.