RJ: PM assassina, sequestra e tortura moradores em operação nos complexos da Penha e Chapadão

Entre os dias 15 e 16 de maio, as polícias Militar (PM) e Civil promoveram uma mega-operação no Complexo da Penha e operações terroristas no Complexo do Chapadão, Cidade de Deus e outras três favelas da capital do Rio de Janeiro.
Velho Estado impõe terrorismo contra as massas no Complexo da Penha. Foto: Reprodução
Velho Estado impõe terrorismo contra as massas no Complexo da Penha. Foto: Reprodução

RJ: PM assassina, sequestra e tortura moradores em operação nos complexos da Penha e Chapadão

Entre os dias 15 e 16 de maio, as polícias Militar (PM) e Civil promoveram uma mega-operação no Complexo da Penha e operações terroristas no Complexo do Chapadão, Cidade de Deus e outras três favelas da capital do Rio de Janeiro.
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Entre os dias 15 e 16 de maio, as polícias Militar (PM) e Civil promoveram uma mega-operação no Complexo da Penha e operações terroristas no Complexo do Chapadão, Cidade de Deus e outras três favelas da capital do Rio de Janeiro. Nelas a PM cometeu uma série de crimes contra o povo, entre elas execuções sumárias, sequestros e torturas. Em relato exclusivo ao AND, uma moradora do Chapadão relata que um jovem foi assassinado por policiais uniformizados em uma camionete à paisana, e que outro jovem foi torturado e quase morto pelos militares reacionários.

A operação no Jacarezinho teve início no dia 13/05, sábado, e prosseguiu durante todo o domingo, em pleno dia das mães. Na madrugada do dia 16/05 um morador foi assassinado pela PM e outro baleado. Além das operações nessas localidades, também foram realizadas operações no Complexo do Lins, favela Vila Kennedy e Turano no mesmo dia.

Leia também: RJ: Polícia promove terror e assassinatos em dia das mães no Jacarezinho

A redação de AND segue acompanhando as consequências das operações terroristas.

Na Penha, músico é baleado e jovem sequestrado

No Complexo da Penha, a operação se iniciou por volta das 3 horas da manhã do dia 16/05, com dezenas de viaturas e blindados invadindo a comunidade. Até a publicação desta matéria, às 15h da tarde, a operação ainda não havia encerrado, durando mais de 12 horas. 

Durante a incursão, o morador Fábio Gomes, de 42 anos, foi baleado no braço pela polícia e teve de aplicar ele mesmo um torniquete para estancar o sangue. Em áudio enviado para seus amigos, ele afirma: “Tô com medo de sair e eles acharem que sou bandido e fazerem qualquer coisa comigo”. O morador foi socorrido por um mototaxista.

Moradores também denunciaram, na internet, que os policiais estavam invadindo casas de moradores mesmo com os portões trancados. Uma moradora afirmou em sua rede social: “Que o senhor nos guarde de todo mal que existe, ou seja, da polícia.”.

Outra moradora, Cláudia Sacramento, também denuncia em sua rede social: “Ainda se ouvem muitos tiros na favela, sem aulas, muitos faltaram emprego e o patrão não entende e acha que devemos arriscar a vida. Quando a polícia faz a casa dos moradores de abrigo ou entram nas casas e viram de cabeça pra baixo e reclamamos, dizem que estamos defendendo o poder paralelo e o servir e proteger se prevalece disso. Estudo igual para todos? Piada pronta. Aqui não tem pé de armas nem drogas. De onde vem? Porque as guerras são sempre nas favelas? A corda só arrebenta no lado mais fraco” e afirma: “Por isso não gosto de ‘a favela venceu’, quando um ou outro se destaca. A favela continua lutando para sobreviver. E os tiros não param…”

Uma moradora da Penha também denunciou ao AND que seu vizinho, um jovem trabalhador chamado Kauan, cuja família é do Complexo do Alemão, foi sequestrado por policiais do Bope e está sob sua custódia desde as 6h30 da manhã.

Por causa da operação, 13 escolas da rede municipal suspenderam as aulas. Nas unidades estudam 4.621 alunos. As clínicas da Família Zilda Arns, Felipe Cardoso, Valter Felisbino, Rodrigo y Aguilar Royg e Klebel de Oliveira Rocha deixaram de fazer visitas domiciliares nesta terça. Participam da operação terrorista as equipes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-IE) e o Bope.

No complexo do Chapadão, um morador foi morto e outro torturado pela PM

Em relato exclusivo ao AND, uma moradora informa que um morador foi morto na manhã do dia 15/05 por PMs uniformizados em uma camionete branca à paisana. Além disso, um morador foi torturado pelos policiais em sua própria casa após uma denúncia falsa contra o morador.

PMs em camionetes à paisana assassinaram e torturaram moradores no Chapadão. Foto: Reprodução

Jacarezinho: policiais assassinam e atingem moradores em terceira noite de operação

Na terceira noite de operação no Jacarezinho que se encontra ocupada duplamente pela Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e o programa Cidade Integrada, os policiais do batalhão de Choque da PM atiraram ao esmo contra moradores e assassinaram um deles, assim como balearam outro, na noite do dia 15 e madrugada do dia 16/05. No dia 15, os moradores haviam realizado uma manifestação contra as operações na comunidade, questionando por quê elas seguem acontecendo mesmo com a favela já ocupada.

Guerra contra o povo

A guerra contra o povo no Rio de Janeiro não é novidade e recrudesce a cada ano. Desde a aplicação das UPPs, à realização da intervenção militar em 2018 e a imposição do programa Cidade Integrada em 2022, o número de operações e de massas assassinadas pelo velho Estado só aumenta. 

Claro está que não se trata de coibir o “crime organizado”, uma vez que todos os produtos ilegais, entre drogas e armamentos, chegam às favelas através das fronteiras, com conivência inclusive dos militares. Além disso, operações do tipo só acontecem nos bairros operários e pobres.

Nos condomínios caros da Barra da Tijuca, onde vivem delinquentes como Ronnie Lessa, sargento reformado acusado pela morte de Marielle Franco, confiscou-se 117 fuzis, a maior apreensão da história do Rio, e ninguém ficou ferido. Enquanto isso, nas favelas, as massas são massacradas todos os dias pelas forças de repressão do velho Estado. Trata-se de uma guerra contra os pobres, e não “contra o crime”.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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