RJ: Quatro moradores mortos e três feridos em segundo dia de operação no Complexo da Penha

Quatro moradores foram assassinados pela Polícia Militar e três ficaram feridos no segundo dia de operação no Complexo da Penha, no dia 25 de maio.
Segundo dia de operação no Complexo da Penha deixa quatro moradores mortos. Foto: Reprodução
Segundo dia de operação no Complexo da Penha deixa quatro moradores mortos. Foto: Reprodução

RJ: Quatro moradores mortos e três feridos em segundo dia de operação no Complexo da Penha

Quatro moradores foram assassinados pela Polícia Militar e três ficaram feridos no segundo dia de operação no Complexo da Penha, no dia 25 de maio.
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Quatro moradores foram assassinados pela Polícia Militar e três ficaram feridos no segundo dia de operação no Complexo da Penha, no dia 25 de maio. Um ferido teve uma parte do corpo arrancada, inclusive por explosão de granada. No dia anterior, outros quatro moradores foram assassinados no Complexo do Alemão. A operação do Comando de Polícia Pacificadora ocorre desde às 5h da manhã, e impediu, pelo segundo dia, que as crianças estudem e as massas trabalhem.

As operações ocorrem exatamente um ano após a chacina da Vila Cruzeiro, que teve lugar no mesmo local, em 24/05, e vitimou pelo menos 22 jovens e uma trabalhadora.

PM alveja moradores que levavam sobrinha para a escola e tomavam café na padaria

Sete pessoas deram entrada no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, quatro delas, ainda não identificadas, sem vida. Já os feridos são Samuel Patrick Paixão Piedade (20 anos), que perdeu parte das nádegas após a explosão de uma granada; Ana Luiza Ananias Soares Silva (23) atingida no pulso esquerdo; e o idoso Elcimar Fernandes da Silva (59), baleado no braço e nas nádegas.

Elcimar tomava café em uma padaria, quando foi atingido de raspão. Já Ana Luiza saía de casa com a sua sobrinha de quatro anos quando foi baleada. “Ela tinha acabado de sair da casa da minha mãe com a minha sobrinha, de mãos dadas, e estava indo levar a minha irmã na escola. Assim que ela virou a rua, mal saiu de casa, já tomou um tiro no braço e caiu. Minha sobrinha deve ter ficado aterrorizada. Essa é a nossa realidade, é isso que a gente vive, isso que a gente tem que passar. (A nossa casa) é longe, mas a bala acha”, denunciou Mariana Cristina, irmã de Ana Luiza.

Ana Luiza Ananias Soares Silva (23) atingida no pulso esquerdo. Foto: Reprodução

Segundo a Secretaria Municipal de Educação (SME), na região do Complexo da Penha, duas unidades escolares foram impactadas, afetando 170 alunos, enquanto em Vila Kosmos, quatro escolas não estão funcionando, deixando 893 estudantes sem aulas. São quase mil jovens que, hoje, assim como em tantos outros dias, tiveram seu direito de aprender negado pelo velho Estado genocida.

Mais um dia na guerra civil contra o povo

No dia anterior, os complexos da Penha e do Alemão já haviam sido submetidos a uma operação que durou o dia todo, tendo um saldo de quatro moradores mortos e um transformador derrubado, deixando favelas inteiras sem energia elétrica. 

Na matéria publicada sobre a operação em questão, o AND já afirmou: “Não é por coincidência que a atual operação ocorre exatamente um ano após a Chacina da Vila Cruzeiro, em 24/05, que ceifou a vida de 22 jovens e uma trabalhadora. O governo assassino e terrorista de Cláudio Castro (PL) busca, com essa operação, promover “choque de ordem” contra os jovens e massas trabalhadoras das favelas, que vivem nos bolsões de miséria da capital carioca. Trata-se de uma verdadeira guerra contra o povo, onde o velho Estado, incapaz de garantir o mínimo às massas, aplica o controle e cerco das massas, para que essas não reivindiquem seus direitos.”.

No programa A Propósito de AND, também destacamos o que está por trás das operações genocidas contra o povo, nas quais operam uma lógica de guerra. Essa lógica é sistematizada pelas próprias Forças Armadas, e não pelas polícias, motivadas pela “perda do monopólio da violência pelos Estados”, para que não haja “alteração do ordenamento social vigente”. Dessa forma, as favelas cariocas são tratadas tal como territórios ocupados, com tropas de ocupação que, ali dentro, cometem todo tipo de crimes, desde execuções sumárias, à destruição de lares, roubos, entre outras atrocidades.

Prova disso é que, sobre a operação de hoje no Complexo da Penha, uma moradora afirmou em suas redes sociais: “O povo não tem mais paz , todo dia isso em algum lugar do Rio, ontem esse lugar parecia mais a Síria”; e outro demarcou: “Já está mais que claro que essas operações não combatem porra nenhuma, o tráfico tá aí e vai continuar aí apesar dessas operações, porque o que permite que ele exista é a corrupção que vem de cima.”.

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