SP: 500 famílias ocupam terreno em Capão Bonito

No dia 23 de de abril, mais de 520 famílias junto da Frente Nacional de Luta (FNL) realizaram a tomada de um terreno em Capão Bonito.
Mais de 500 famílias ocupam terreno em Capão Bonito (SP). Foto: Divulgação/ FNL
Mais de 500 famílias ocupam terreno em Capão Bonito (SP). Foto: Divulgação/ FNL

SP: 500 famílias ocupam terreno em Capão Bonito

No dia 23 de de abril, mais de 520 famílias junto da Frente Nacional de Luta (FNL) realizaram a tomada de um terreno em Capão Bonito.
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No dia 23 de de abril, mais de 520 famílias junto da Frente Nacional de Luta (FNL) realizaram a tomada de um terreno em Capão Bonito, município paulista de cerca de 47 mil habitantes. O terreno ocupado, de quase 2,5 mil alqueires, estava abandonado há 20 anos, sendo cedido pela prefeitura de empresa a empresa, sem que nada operasse no local. Enquanto isso, no município, há um déficit habitacional para cerca de 4 mil pessoas.

Atualmente a ocupação Maria Carolina de Jesus conta com mais de 520 acampados, porém mais 400 famílias já declararam seu interesse na construção de suas moradias no local. O último projeto de moradia Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), teve 4 mil inscritos e atendeu um número ínfimo de 250 famílias. A FNL afirmou que caso as famílias sofram reintegração de posse, ocuparão a prefeitura para exigir seu direito à moradia.

Os trabalhadores também denunciam as repetidas promessas de diferentes prefeitos de que construiriam uma fábrica no local para gerar empregos ao município, algo que nunca foi cumprido. Outros denunciaram que no sorteio de casas pela CDHU só conseguiram a moradia um grupo seleto de pessoas, como policiais aposentados, acrescentando que “os trabalhadores bóia-fria ficam de escanteio, não ganham nada”.

Em uma entrevista realizada pela produtora Bizarre World com os trabalhadores da ocupação, um trabalhador idoso afirmou: “Eu mesmo pago aluguel, minha filha paga aluguel. Muitas pessoas aqui não têm renda, eu mesmo estava recebendo auxilio brasil, e meu serviço metade do salário cortaram. Eu quase fui expulso da casa que eu alugava”.

Outra trabalhadora declarou: “O povo para conseguir o que quer tem que ir à luta, porque ninguém consegue nada sem lutar”.

Famílias preparam o terreno da ocupação Maria Carolina de Jesus. Foto: Divulgação/FNL

Milhares de famílias tomam terras no estado de São Paulo

Com a piora das condições de vida, cada vez mais famílias tomam terras do latifúndio contra a crise. Desde o início do ano, cerca de 1.154 famílias tomaram terras no estado de São Paulo somente sob o chamado da FNL. Junto das famílias que agora criam a ocupação Maria Carolina de Jesus, totalizam 1.674 famílias.

No país, o número de endividados já ultrapassa os 70 milhões em 2023. Há 10 anos atrás, em 2013, 66,5% das famílias brasileiras estavam endividadas. Em 2022, porém, a porcentagem era de 77,9%. No último ano, a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic) foi elevada em 3% para os atuais 13,75%. Além disso, os aluguéis estão entre os maiores gastos das famílias, sendo um dos grandes responsáveis por atrasos em pagamentos e dívidas.

Desesperados, velho Estado e latifúndio tentam barrar onda de ocupações

Contra a onda incontível de tomadas de terras pelas massas que não aceitam padecer diante da crise (seja para destiná-las à moradias, seja para cortar a terra e começar a produzir), o velho Estado brasileiro incremente sua guerra contra o povo. Duas ocupações da FNL, na região do Pontal de Paranapanema (SP), foram atacadas a tiros no dia 18/02 por bandos paramilitares do latifúndio. 

Em Rosana, outro município de SP, na Fazenda São Lourenço, pistoleiros dispararam contra as famílias camponesas, avançaram com máquinas sobre os carros dos camponeses acampados e fizeram barricadas na frente de acampamentos que já existiam na região. De acordo com o movimento, havia também um forte aparato policial, com presença de helicópteros e viaturas. Além disso, os dirigentes da FNL, Zé Rainha e Luciano Lima, assim como o militante Cláudio Ribeiro Passos, foram presos pelo velho Estado brasileiro, sob acusações infundadas. 

Trata-se, na verdade, de uma vã tentativa de manter o monopólio das terras nas mãos do latifúndio agroexportador e bilionário, a quem o velho Estado brasileiro verdadeiramente atende aos interesses, enquanto quer condenar à miséria milhões de camponeses sem terra ou com pouca terra.

No Brasil, povo conquista terras e realiza corte popular

Para derrotar os planos sinistros do latifúndio, as massas de camponeses fazem o corte popular para na terra viver e trabalhar. São vários os exemplos de áreas camponesas em que as massas não sentam esperando os acordos com o velho Estado, e logo garantem o que é seu por direito. 

Leia também: Confira os frutos da luta camponesa em Rondônia: a produção da Área Tiago Campin dos Santos

A Área Tiago Campin dos Santos, organizada pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP) e localizada no município de Nova Mutum-Paraná, em Rondônia (RO), é um dos exemplos de tomadas de terra que logo começam a produzir os frutos da Revolução Agrária. Nos anos de 2020 e 2021, os camponeses resistiram bravamente a incursões que chegaram a contar com 3 mil militares, helicópteros e outros meios de repressão, destinados a despejar os camponeses das terras tomadas. Nessa luta tombaram os camponeses militantes da LCP Gedeon José Duque e Rafael Gasparini Tedesco. Após a intransigente luta pela terra, as famílias defenderam seu pedaço de terra, e vivem e produzem na área Tiago Campin dos Santos até hoje.

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