MG: Ativistas realizam ato denunciando chacina de camponeses em Rondônia

MG: Ativistas realizam ato denunciando chacina de camponeses em Rondônia

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No dia 10 de fevereiro, uma panfletagem foi realizada para denunciar a chacina de dois camponeses em Rondônia em fins de janeiro. A atividade foi realizada pelo Comitê de Apoio à Luta pela Terra (CALT) do Norte de Minas e ocorreu na Praça Doutor Carlos, onde há grande circulação de trabalhadores que pegam ônibus no retorno do trabalho para casa.

O Comitê abriu duas faixas no centro da praça, uma vermelha na qual se podia ler Viva a Resistência Camponesa em Rondônia! e outra com a consigna Abaixo a Covarde Chacina dos Camponeses em Rondônia!

Duas faixas foram erguidas durante a panfletagem. Foto: Banco de Dados AND

A resposta das massas à denúncia foi de imediata demonstração de revolta e indignação, inclusive, questionando o fato de que os monopólios de imprensa não denunciam este tipo de notícia. Agradeceram e parabenizaram o comitê pela iniciativa de repercutir o panfleto. 

No momento em que abriram a faixa denunciando a chacina, houve grande comoção por parte de todos que lotavam o ponto de ônibus. As crianças perguntavam para as mães o que significava aquilo, enquanto estas buscavam explicar à sua maneira, lendo o panfleto e se inteirando da situação. 

Trabalhadores e trabalhadoras demonstraram grande interesse e indignação com o caso denunciado pelos manifestantes. Foto: Banco de Dados AND

A foto dos camponeses executados de forma brutal, tendo sido claramente torturados antes de serem mortos, chocou os trabalhadores. Vendedores ambulantes compararam a situação à perseguição que sofrem por parte da polícia que não os deixa trabalhar em paz e que a razão de toda a miséria vivida pelo povo está em situações como aquela denunciada.

Panfletos foram distribuídos em partes movimentadas da cidade e a agitação contou com amplo apoio e aprovação das massas populares. Foto: Banco de Dados AND

Pessoas que estavam dentro dos ônibus pediram panfletos, outros se ofereceram para ajudar a denunciar situações semelhantes, procurando os integrantes do CALT e se oferecendo para levar panfletos para distribuir em seus bairros, entre vizinhos e colegas de trabalho. Muitos procuraram os membros do comitê querendo saber como fariam para ajudar, achando que se tratava de um abaixo-assinado contra o ocorrido. Um grupo de jovens afirmou que é dada toda proteção aos bandidos ricaços como se tivessem o direito de roubar as terras e dela se dizem donos. Uma senhora que não sabia ler, ao ouvir a história, quis levar o panfleto dizendo que pediria para alguém ler para ela. 

Em aproximadamente 1h e 20min foram distribuídos 400 panfletos, todos acompanhados de conversas e explicações sobre a situação em que se deu a chacina.  Ao final da panfletagem, uma integrante do CALT foi entrevistada pelo AND:

— É nosso papel fazer esta denúncia. Não podemos deixar que estas pessoas achem que têm o direito de sair matando o povo e que nada vai ser feito — afirmou a ativista.

PM ASSASSINA É DENUNCIADA POR TODO O PAÍS

A chacina perpetrada pela Polícia Militar (PM) de Rondônia em Nova Mutum Paraná na Área Tiago Campin dos Santos, em Porto Velho, ocorreu em 28 de janeiro quando policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) assassinaram dois camponeses (Raniel Barbosa Laurindo e Rodrigo Hawerroth) e deixou outro gravemente ferido com tiros de fuzil (Kenedy). Famílias camponesas também ficaram feridas durante a operação terrorista. 

Dias atrás, centenas de famílias camponesas tomaram o restante das terras da fazenda Norbrasil, localizada dentro de terra pública da União grilada pelo latifundiário Antônio Martins dos Santos, o Galo Velho, famoso ladrão de terra, denunciado inúmeras vezes, inclusive preso recentemente na operação “Lamassu” a partir de ação do próprio Ministério Público Federal.

Ativistas distribuíram 400 panfletos em menos de 1h30. Foto: Banco de Dados AND

Esta ação de denúncia revela que o povo é solidário na luta e que o chamado feito pela Liga dos Camponeses Pobres da Amazônia Ocidental ao final do panfleto está tendo resposta. Lá diz: “Aos camponeses, operários, pequenos e médios comerciantes, estudantes, intelectuais, artistas, entidades classistas, organizações democráticas e pessoas verdadeiramente honestas, conclamamos a levantar firme solidariedade às famílias camponesas da Área Tiago Campim dos Santos, e veemente repúdio à repressão da luta pela terra e aos assassinatos de camponeses!” 

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