RJ: Confronto entre facções paramilitares apoiadas pelo Estado deixa 1 estudante morto e leva terror a moradores de Seropédica 

Grupos paramilitares apoiados por políticos e policiais entraram em confronto por disputa territorial.

RJ: Confronto entre facções paramilitares apoiadas pelo Estado deixa 1 estudante morto e leva terror a moradores de Seropédica 

Grupos paramilitares apoiados por políticos e policiais entraram em confronto por disputa territorial.
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A tarde de segunda-feira, 8/04, para os moradores do km 49 em Seropédica, foi marcada por intensa troca de tiros entre facções paramilitares (‘milícias’) rivais em disputa por território. O estudante de Ciências Biológicas, Bernardo Paraíso, foi morto após ser atingido por tiros e uma mãe e seus dois filhos, de 1 e 3 anos, ficaram feridos.

Segundo relatos na imprensa local, o confronto foi motivado pela disputa entre um bando paramilitar de Itaguaí com o apoio da facção de Santa Cruz, encabeçada pelo paramilitar “Zinho”, que recentemente se entregou à polícia, e o grupo apoiado por “Tubarão”. O estopim para a disputa foi a morte do paramilitar conhecido como “Cientista”. 

A região de Seropédica é, apesar de pouco povoada e centrada na atividade universitária, dominada pelos grupos paramilitares, que têm o município como um ponto estratégico para entrada e saída do Rio de Janeiro e conexão com outras localidades também dominadas pelos grupos. Na cidade, as atividades do grupo envolvem o controle total do município, com extorsão de comerciantes e das festas estudantis e imposição de regras arbitrárias, acompanhadas de execuções sumárias aos que não obedecem. Para impor o controle tanto em Seropédica quanto nos bairros vizinhos, os grupos paramilitares contam com apoio das polícias e de políticos locais, vinculados a esses grupos desde que os primeiros foram formados, ainda durante o regime militar. A responsabilidade do domínio territorial desses grupos e das consequências do confronto recaem, assim, principalmente sobre o próprio Estado.

Dados de 2022 revelaram que, entre 2011 e 2021, 262 PMs foram expulsos ou submetidos ao Conselho Disciplinar por envolvimentos com grupos paramilitares no estado. Mas é sabido que ainda há uma quantidade imensa de policiais militares e civis ligados a essas corjas. Somente nos dados divulgados (e subnotificados) entre 2011 e 2021, a cifra dos que foram submetidos ao conselho, mas não necessariamente expulsos, foi de 96. No ano passado, foi revelado que um PM que chefiava um grupo de extermínio, investigado desde 2020 pelas suas atividades ilícitas, ainda estava dentro da corporação, e desempenha a função de responsável pela escolha de novos recrutas. Neste ano, foi revelado que um ex-subtenente da PM suspeito de envolvimento na morte de policial recebia, na época que estava na ativa, operava drones para a “milícia”, participava de reuniões do bando do “Zinho” e recebia cerca de R$ 20 mil por mês desse mesmo chefe paramilitar de um dos bandos envolvido no confronto recente.

Enquanto isso, moradores, trabalhadores e estudantes permanecem sujeitos à repressão desenfreada imposta pelos grupos paramilitares apoiados pelo Estado. Depois do confronto, o clima de Seropédica permaneceu como de altíssima tensão e brutalidade.

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