SP: PM envia 250 militares à Baixada Santista em reencenação da Operação Escudo

Ainda não está claro quais serão os rumos da Operação Escudo, mas ao que tudo indica, a violência policial voltará a crescer na Baixada Santista nos conhecidos ritmos das operações de vingança.

SP: PM envia 250 militares à Baixada Santista em reencenação da Operação Escudo

Ainda não está claro quais serão os rumos da Operação Escudo, mas ao que tudo indica, a violência policial voltará a crescer na Baixada Santista nos conhecidos ritmos das operações de vingança.
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A Polícia Militar de São Paulo deslocou 250 militares para o litoral paulista no dia 16/4 após o sumiço do soldado Luca Romano Angerami na região, durante atividades de lazer. A volta em massa de PMs à Baixada Santista levantou dúvidas sobre o retorno da Operação Escudo, finalizada no mês passado com um legado de execuções, invasões de casa e outras violações. A cúpula da PM afirmou que a operação foi retomada. Já o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) negou a reativação. 

Quem deu o anúncio pela PM foi o porta-voz da corporação, Emerson Massera. “A Operação Escudo já foi retomada com todo rigor. A tendência é que ela seja ainda mais reforçada. Nós não descansaremos enquanto os responsáveis por esse crime sejam identificados e respondam efetivamente por ele”, disse em entrevista à TV Band, referindo-se ao desaparecimento de Luca Romano. Até agora, não se tem a confirmação de que Luca sumiu, de fato, por um sequestro. 

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) do estado também confirmou o envio de mais militares à Baixada Santista. Já vídeos divulgados nas redes sociais hoje por moradores mostram um grande número de viaturas em circulação. No entanto, o governador Tarcísio afirmou que a Operação não foi retomada. “Não, não. Nada disso, não tem Operação Escudo”, disse o governador, antes de contornar que “o reforço no policiamento sempre há. Essa questão no policiamento é dinâmica”. 

Ainda não está claro quais serão os rumos da Operação Escudo, mas ao que tudo indica, a violência policial voltará a crescer na Baixada Santista nos conhecidos ritmos das operações de vingança. A primeira versão da Operação Escudo, feita entre 28 de julho e 5 de setembro do ano passado, terminou com 28 mortes. Já a segunda edição, realizada nesse ano, foi encerrada após 56 pessoas terem sido assassinadas pela PM, um recorde histórico desde o Massacre de Carandiru, em 1992.

Esses números condenáveis de assassinatos, além das execuções e invasões de casa, ocorreram com aval do governo, que agora tenta ofuscar uma nova operação sanguinária. Quando Tarcísio foi questionado sobre os crimes da Operação Escudo durante o andamento das incursões, o governador havia falado que não estava “nem aí”. Levantamentos deram conta de que os assassinatos, que estavam em interregno, voltaram a crescer depois da declaração. 

Essa tribuna já havia previsto que a guerra reacionária que o governo do Estado de São Paulo trava contra o povo não encerraria com o fim da Operação Escudo. A violência policial faz parte da própria política de Estado, e é seguida à risca pelo atual governo de SP. O patrocínio que o governo deu às chacinas constantes serve também de impulso às novas operações e violações.

Dentre as ações que Tarcísio deu aval com seu “estou nem aí”, estavam as alterações de boletins de ocorrência e cenas de execuções em SP. Foram várias as organizações, como o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) que durante a operação afirmaram que havia indícios de adulteração dos boletins de ocorrência por parte da PM. O governo de SP não fez nada para investigar a fundo o caso, resultado de uma prática que é há décadas cometida pelas forças repressivas brasileiras. 

Um outro caso desse tipo foi divulgado hoje: moradores de Paraisópolis, zona sul de SP, filmaram PMs alterando a cena onde um menino de apenas 7 anos foi atingido no olho por estilhaços de bala ou um disparo de raspão durante uma incursão policial. Segundo as cenas gravadas, os militares estavam coletando estojos de projéteis de arma de fogo.

A criança foi atingida enquanto ia para a casa da babá. Ela foi socorrida e levada à AMA Paraisópolis, onde foi socorrida às 7h50 e transferida para o Hospital Campo Limpo. O estado de saúde é estável.  

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