O Português e seus desafios

Uma da armas dos colonizadores na África – ou em qualquer parte do planeta – foi introduzir seu idioma como obrigatório nas escolas. O francês pretendeu substituir o árabe; o inglês, as línguas nativas de muitos países. Também o italiano virou alternativa para colonização.

O Português e seus desafios

Uma da armas dos colonizadores na África – ou em qualquer parte do planeta – foi introduzir seu idioma como obrigatório nas escolas. O francês pretendeu substituir o árabe; o inglês, as línguas nativas de muitos países. Também o italiano virou alternativa para colonização.
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Nossa bela e cantada Língua Portuguesa está sofrendo duros golpes na internet e adjacências. Nem dá para reconhecê-la, a não ser por alguns bravos resistentes que ainda a consideram e a amam. Os internautas acham que sua maneira de escrever taquigráfica, que pretende acelerar a comunicação, é necessária para os tempos atuais. E inventaram o internetês. Há pessoas a favor e outras contra. Mas textos mal redigidos têm a ver principalmente com a deficiência do ensino de nossa língua nas escolas. O Português correto passou a ser desconsiderado, virou moda escrever errado. A norma culta está em desuso. 

Uma coisa é a contaminação que todas as línguas sofrem, e mais ainda em tempos de internet; outra é ignorar pontuação, concordância, acentuação, ortografia. Os textos acabam ficando ininteligíveis. As abreviações sempre existiram, mas nunca constituíram um empecilho. Causaram pouco dano.

Uma da armas dos colonizadores na África – ou em qualquer parte do planeta – foi introduzir seu idioma como obrigatório nas escolas. O francês pretendeu substituir o árabe; o inglês, as línguas nativas de muitos países. Também o italiano virou alternativa para colonização.

Por conta da hegemonia dos Estados Unidos e, por ser uma língua que os linguistas consideram das mais fáceis, o inglês se tornou digerível e necessário para as relações internacionais, comércio, viagens. E uma facilitação para sua cobiça imperialista. O argumento é por ele ser um idioma simples comparado às neolatinas e de fácil aprendizagem.  

As escolas não incentivam a leitura, não têm bibliotecas, os jovens não leem. A não ser quando recebem a lista de livros do Enem. Assim mesmo preferem as resenhas que lhes fornecem um roteiro simplificado mais a apresentação do autor. 

Fernando Pessoa, poeta e escritor, escreveu: “Minha pátria é a Língua Portuguesa”. Olavo Bilac a cantou em seus versos: “Ouro nativo” “Amo o teu viço agreste”. “Amo-te, ó rude e doloroso idioma, Em que da voz materna ouvi “meu filho”.

Precisamos criar um sistema de afinidades com os livros para que, através deles, nossa língua se torne nossa companheira e a usemos com orgulho, respeito e competência. 

VBJunho

Rio, 15 de junho de 2024

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