Editorial – O retrato fiel da crise do imperialismo

Ao impor-se de forma brilhante e tão contundente, com o Dilúvio de Al-Aqsa a 7 de outubro de 2023, a Palestina alterou profundamente o rumo do Oriente Médio e é protagonista dos ventos revolucionários que percorrem o mundo

Editorial – O retrato fiel da crise do imperialismo

Ao impor-se de forma brilhante e tão contundente, com o Dilúvio de Al-Aqsa a 7 de outubro de 2023, a Palestina alterou profundamente o rumo do Oriente Médio e é protagonista dos ventos revolucionários que percorrem o mundo
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O ataque direto da república do Irã contra o território ocupado pela entidade sionista, no dia 13 de abril, inédito na história, é um fiel retrato dos tempos de crise geral de decomposição sem precedentes do imperialismo. Os mais de 300 drones e mísseis disparados do território persa e de vários outros demonstraram, aos povos árabes e de maioria muçulmana que se opõe a Israel, que esta máquina de genocídio é um tigre de papel. Isto porque o tão propagado sistema “invencível” de defesa aérea, o “Domo de Ferro”, foi incapaz de proteger o território ocupado – necessitando de apoio da força aérea de três Estados imperialistas coordenados, a saber, EUA, França e Reino Unido. E mais: num só acionar, no dia 13 de abril, a entidade sionista torrou 1,3 bilhões de dólares para derrubar, em sua maioria, centenas de drones cujo preço de fabricação é aproximadamente 20 mil dólares. Sobrecarregado, a sucata “Domo de Ferro” foi incapaz de impedir que mísseis iranianos atingissem a base aérea militar de Natavim, de onde partiram as ordens para bombardear o consulado do Irã em Damasco, na Síria, no início do mês.

Diante da pesada derrota, Israel, isolado, não poderá responder como deseja. Se responder na mesma proporção do ataque iraniano, será condenado e dará ao Irã toda a justificativa, na opinião pública mundial, para uma nova retaliação, sem que cometa erros de cálculos e sofra pesadas consequências. Irã, a despeito disso, prosseguirá sua política de apoio político e militar às forças anti-imperialistas na região, dando rédea solta ao ódio antissionista e anti-ianque represado na imensa massa de camponeses pobres do Oriente Médio. É certo que o movimento da resistência nacional palestina, dirigido por forças islâmicas anti-imperialistas e forças comunistas, se multiplicaram, bem como se criaram as condições mais favoráveis para o movimento revolucionário proletário crescer e lutar pela direção da frente única contra a entidade sionista e pela libertação completa nacional e social do povo palestino. A frágil estabilidade do Oriente Médio se converterá rapidamente numa torrente anti-imperialista, tal como já se converteu a Faixa de Gaza e que expressarão, de forma condensada, o espírito bélico e revolucionário dos tempos em que vivemos crescentemente por todo o mundo.

Este é mesmo o retrato fiel da crise do imperialismo, no qual o sionismo, como personagem que melhor encena os interesses ianques naquela região, está sendo o primeiro a pagar o preço. Não há dúvidas, mesmo entre os apologistas de Israel, que a existência dessa ocupação colonial e genocida está ameaçada como nunca. Como isso poderia ser possível, se fosse em tempos de normalidade ou de estabilidade duradoura do “império norte-americano”?

Do ponto de vista mais panorâmico, o fato é que a Resistência Nacional Palestina condensa e realmente encarna, de forma vistosa, o “espírito” do nosso tempo. Ao impor-se de forma brilhante e tão contundente, com o Dilúvio de Al-Aqsa a 7 de outubro de 2023, alterou profundamente o rumo do Oriente Médio e é protagonista dos ventos revolucionários que percorrem o mundo. Neste instante, a resposta do Irã a Israel aprofunda a situação extremamente favorável para a Palestina no que respeita às condições externas. Porém, a própria resposta do Irã, obrigado a agir de forma dura em defesa de sua posição na região e por interesses próprios expansionistas da grande burguesia persa, foi possível pelos erros de cálculos de Israel, provocados, por sua vez, pelas derrotas que este sofreu em Gaza, arrastando o conflito às bordas de situação tão perigosa, que nesse momento os imperialistas ianques, franceses e britânicos não comprarão essa briga. Israel se vê vulnerável, isolado e já convulsiona em crises internas, que já ameaçam a manutenção de Netanyahu no governo e de toda a cúpula militar nazi de seu exército. Ainda que demande muito sacrifício num curso prolongado, a Resistência Palestina está criando as condições para passar à contraofensiva, à ofensiva estratégica, para retomar seu território e derrotar estrategicamente os planos imperialistas na região.

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