Imigrantes marcham exigindo vistos para ultrapassarem a fronteira sul do México. Foto: Ramón García/ CP
Cerca de 5 mil migrantes de países como Venezuela, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Guatemala e Haiti marcharam pelo segundo dia consecutivo, em 27 de maio, na cidade mexicana de Tapachula, localizada na fronteira com a Guatemala. Eles exigiam a regularização dos seus documentos para que pudessem cruzar a fronteira-sul do México, rumo ao Estados Unidos (USA).
A marcha caminhou até a estação de imigração Siglo XXI, onde os manifestantes afirmaram que caso sua situação não seja regularizada, partirão em uma nova caravana até o USA. Essa seria a oitava caravana com milhares de imigrantes desde o início do ano.
O venezuelano Darwin Antonio afirma que eles procuram uma resolução para seus vistos a fim de avançar o mais rápido possível: “Não vamos desistir, estamos todos avançando e estamos procurando um sonho e uma melhor qualidade de vida; não há criminosos aqui, mas pessoas que querem uma nova oportunidade na vida”, disse ele.
Dias antes, em 10/05, cerca de 200 imigrantes bloquearam quatro pistas de uma rodovia em Tapachula exigindo os vistos para a sua circulação. Em 1° de abril, mais de 600 imigrantes enfrentaram a Guarda Nacional do México e quase conseguiram romper um cerco de policiais para que não avançassem a outras localidades.
Os imigrantes relatam que o governo de Tapachula não fornece qualquer tipo de assistência para eles. Há apenas a opção de dormir em hotéis pagos pelos próprios migrantes, ou na rua. A alimentação e suas necessidades básicas para a sobreviência não são atendidas pelo velho Estado mexicano. Da mesma forma, o imperialismo ianque mantém milhares de imigrantes impedidos de cruzar a fronteira, se abstendo de qualquer responsabilidade pelos imigrantes. Ao mesmo tempo, gasta bilhões de dólares em repressão contra os migrantes.
Imigrantes cortam via exigindo vistos para ultrapassarem a fronteira sul do México. Foto: EFE
Imigração aumenta diante da crise
A região está passando por um fluxo migratório recorde para o USA, com mais de 1,7 milhão de imigrantes sem documentos na fronteira entre o USA e o México no ano fiscal de 2021 (encerrado em 30 de setembro). Enquanto isso, o México deportou mais de 114 mil estrangeiros em 2021. As aplicações para vistos em Tapachula aumentaram em 300% de acordo com a Comissão Mexicana de Ajuda aos Refugiados (Comar).
Dessa forma, quase 651 pessoas morreram no ano de 2021 ao tentar cruzar a fronteira entre o México e o USA, o maior número averiguado pela Organização Internacional para as Migrações desde o início da pesquisa em 2014.
Isso se dá em meio a crise geral sem precedentes do imperialismo que, para impedir seu aprofundamento, dessangra cada vez mais os países do terceiro mundo aumentando a exploração e opressão, em particular os da América Latina, “quintal” da superpotência hegemônica única, o imperialismo ianque.
Os países de onde vêm o maior número desses imigrantes são, também, os mais pobres da América Latina. Isso ocorre enquanto o “desempenho econômico” da América Latina, de acordo com o Banco Mundial, está em um dos menores do mundo e a pobreza atingiu seu nível mais alto em décadas, subindo de 24 para 26,7%.
Tentando escapar dessa situação de miséria, essas massas migram para o USA, onde recebem os piores empregos e salários, resultando em salários ainda menores para o conjunto dos trabalhadores (migrantes e nativos).