Ocupações do Abril Vermelho exigem terras em ao menos 14 estados

As mobilizações foram registradas em 14 estados e já mobilizaram mais de 20 mil famílias, de acordo com o MST. Governo tentou desmobilizar ocupações com novo programa, mas movimentos taxam iniciativa de insuficiente.
Camponeses enfrentaram repressão durante tomadas de terras. Foto: Pedro Stropasolas

Ocupações do Abril Vermelho exigem terras em ao menos 14 estados

As mobilizações foram registradas em 14 estados e já mobilizaram mais de 20 mil famílias, de acordo com o MST. Governo tentou desmobilizar ocupações com novo programa, mas movimentos taxam iniciativa de insuficiente.

Ao menos 28 ocupações de terra ocorreram essa semana durante o “Abril Vermelho”. As mobilizações foram registradas em 14 estados e já mobilizaram mais de 20 mil famílias, de acordo com o movimento. 

As ocupações e aberturas de acampamentos ocorreram nos estados de Sergipe, Pernambuco, São Paulo, Goiás,  Rio Grande do Norte, Paraná, Pará, Distrito Federal, Ceará, Rio de Janeiro e na Bahia. Além das tomadas de terras, famílias camponesas ocuparam a sede do Incra em Campo Grande (MS) e Recife (PE), bem como a Secretaria de Educação do Ceará. 

O movimento desatou a onda de ocupações no chamado “Abril Vermelho” como parte da Jornada Nacional de Lutas em Memória ao Massacre de Eldorado dos Carajás. Em entrevista ao monopólio de imprensa, o MST motivou suas ações com críticas à insuficiência das políticas de reforma agrária do governo de Luiz Inácio.

Em mais de um local, a Polícia Militar reprimiu os camponeses. Em Campinas (SP), um enorme contingente policial foi utilizado para reprimir e dispersar os camponeses. Foram destacados guardas para fazer o despejo com bombas e tiros de bala de borracha e até um pastor alemão. 

As famílias marcharam até a prefeitura para protestar pelo fim da repressão e foram barradas pela Guarda Municipal de Campinas. Em Agudos (SP), ocorreu reintegração de posse contra 300 famílias após dois dias de intimidações policiais.

No estado de Goiás, a Polícia Militar retirou à força cerca de mil famílias que haviam ocupado uma área falida de oito mil hectares da usina da Companhia Bioenergética Brasileira (CBB). A área de cerca de oito mil hectares está embargada pelo cometimento de crimes ambientais, segundo o Ministério do Meio Ambiente. 

No Rio de Janeiro, o Movimento relatou que policiais cercaram o assentamento Josué de Castro, em Campos dos Goytacazes, e intimidaram as famílias assentadas com o uso de drones e bloqueadores de sinal.

Já no Espírito Santo, um bando de latifundiários foi com carros, tratores e drones até a cidade de São Mateus para intimidar as famílias acampadas no município. Os grandes fazendeiros receberam cobertura da PM. 

Na tentativa de desmobilizar as ocupações, o governo federal reagiu anunciando o programa “Terra da Gente”, com verba prevista de R$ 520 milhões voltada à aceleração do assentamento de terras. No entanto, a verba é muito abaixo dos recursos apontados pelos próprios movimentos da luta pela terra como os necessários para uma efetiva política de entrega de terras, que seria em torno de R$ 2 bilhões por ano. O MST afirmou que o novo projeto não resolve questões urgentes, como a situação dos acampados e a política de incentivo aos acampamentos.

Já os parlamentares voltaram a intensificar sua ofensiva contra a luta pela terra. No dia 16 de abril, a Câmara dos Deputados aprovou regime de urgência constitucional para votação do PL 895/2023, que determina sanções administrativas e restrições aplicadas aos ocupantes e “invasores” de propriedades rurais e urbanas. Também foi acelerado para votação o PL 8.262/2017 que aumenta a liberdade de ação de forças policiais para agir contra ocupantes de terras mesmo sem ordem judicial.

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