Plenária exigirá fim do processo contra Caio e Fábio nessa sexta-feira

Uma plenária no Ifcs, RJ, discutirá e exigirá o fim do processo contra Caio Silva de Souza e Fábio Raposo Barbosa, manifestantes acusados de homicídio doloso qualificado e explosão depois da morte de Santiago Andrade, em uma manifestação em fevereiro de 2014.

Plenária exigirá fim do processo contra Caio e Fábio nessa sexta-feira

Uma plenária no Ifcs, RJ, discutirá e exigirá o fim do processo contra Caio Silva de Souza e Fábio Raposo Barbosa, manifestantes acusados de homicídio doloso qualificado e explosão depois da morte de Santiago Andrade, em uma manifestação em fevereiro de 2014.
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Uma plenária no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) discutirá e exigirá o fim do processo contra Caio Silva de Souza e Fábio Raposo Barbosa, manifestantes acusados de homicídio doloso qualificado e explosão depois da morte de Santiago Andrade, em uma manifestação em fevereiro de 2014.

Repercutimos abaixo uma nota das entidades que compõem a Campanha em defesa do fim do processo contra Caio e Fábio.


A justiça do estado do Rio de Janeiro irá realizar no próximo dia 12 de dezembro o júri popular dos ativistas Fábio Raposo Barbosa e Caio Silva de Souza, acusados de homicídio doloso qualificado e explosão, após a morte do cinegrafista Santiago Andrade em fevereiro de 2014. A sessão plenária do 3º Tribunal do Júri está prevista para ocorrer a partir das 12h. Fábio e Caio respondem por homicídio doloso qualificado e explosão. Há quase dez anos, Santiago Andrade foi atingido acidentalmente por um rojão na cabeça enquanto registrava a agressão da polícia militar contra manifestantes sem qualquer tipo de equipamento de proteção.  

A criminalização de Caio e Fábio se confunde com a própria criminalização do protesto popular, e foi a maneira que o Estado encontrou para desmobilizar e desestimular a participação em manifestações públicas. Lembrando que até aquele momento na cidade do Rio de Janeiro as manifestações atraíam grandes massas e contavam com grande apoio popular. E soma-se a isso a campanha que se iniciava contra a realização da Copa do Mundo com a palavra de ordem “Não Vai ter copa” repercutindo por todo o país.  

Ainda na tentativa de criminalizar as manifestações populares que eclodiram por todo o Brasil em junho de 2013, a campanha sustentada através do monopólio de imprensa, para tentar condenar antecipadamente os dois jovens, tinha o claro objetivo de criminalizar e de intimidar todos os ativistas que participassem de protestos e mobilizações em defesa dos direitos do povo pelo país. Somente através da fabricação de uma acusação inadequada de assassinato, diante de um terrível e evitável acidente sofrido pelo jornalista Santiago foi possível emplacar um discurso para fazer as pessoas temerem sua própria capacidade de mobilização e organização.  

O julgamento segue confirmado sem que a Rede Bandeirantes tenha liberado as imagens completas que estavam na câmera do jornalista quando foi atingido. A emissora foi intimada a entregar essas imagens, mas entregou apenas uma parte comprovadamente editada. Não podemos então deixar de perguntar: o que há para se esconder nesses arquivos? Por que querem que os manifestantes sejam julgados sem que essas imagens apareçam? 

A única coisa que sabemos é que ele não filmava a “violência dos manifestantes”, mas sim a tropa de choque da PM que agredia com bombas e balas de borracha os manifestantes e toda a população ao redor. Nesse mesmo dia a ação policial na manifestação, ocasionou outra morte: o vendedor ambulante Tasnan Accioly de 65 anos foi atropelado por carro da polícia, enquanto corria das inúmeras bombas de gás e de efeito moral lançadas pela PM para dispersar manifestantes. Registra-se que a morte de Santiago não foi a única no contexto de manifestações: tivemos manifestantes jogados de uma ponte pela polícia; tivemos professoras asfixiadas com gás. Foram mais de 30 mortos registrados em função da violência policial contra as mobilizações em todo o Brasil. Sem contar os que ficaram cegos, com fraturas e demais sequelas físicas. Além disso, a repressão se estendeu às prisões arbitrárias e a aberturas de inquéritos contra outros milhares.  

E salientamos não é como se não morressem tantas pessoas diariamente pela violência policial; pela precarização da vida; pelos motivos que justamente levaram a população às ruas para protestar. Mas as mortes invisíveis, de tantas pessoas “matáveis” foram invibilizadas. O acidente conveniente foi então usado como instrumento e moeda de troca para que a revolta se tornasse condenável. Mas quem usa pessoas como moeda, que nos usa como um meio para aumentar suas riquezas e poderes, não se importa de fato com a vida.  Por isso defender Caio e Fábio é defender a possibilidade da revolta, é defender o direito a uma outra forma de vida diante do capitalismo que cada vez mais nos tira as mínimas condições de sobrevivência. São todos que não se conformam com essa vida sem o mínimo, que não se calam diante das opressões, e que lutam das mais variadas formas por uma outra sociedade, livre e igualitária, que também estamos indo a júri popular, sem direito de defesa. 

Mais que uma simples defesa de Caio e Fábio, o que está em jogo atualmente é o direito do povo lutar pelos seus direitos, e que este processo injusto não é apenas uma forma de criminalizar estes dois manifestantes, mas o próprio direito de lutar e resistir à violência cometida pelo Velho Estado.  

Pelo Fim do Processo Contra Caio e Fabio! 

Lutar não é Crime! Viva as jornadas de luta popular 2013/2014! 

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