Após mais de duas semanas ininterruptas de operações e cercos policiais na favela do Jacarezinho, responsáveis pela morte de dois moradores e ferimento de outros cinco, foi a vez da Polícia Militar (PM) do estado do Rio de Janeiro (PM), sob ordens do governador Cláudio Castro (PL-RJ), apontar seu aparato militar para os moradores das favelas de Manguinhos, Mandela e Arará, também na zona norte da capital fluminense, durante uma operação policial iniciada às 7 horas da manhã do dia 18 de janeiro e marcada pela restrição de direitos dos moradores.
A operação foi anunciada com a entrada de um regimento da PM no momento que os trabalhadores saíam para o trabalho. Moradores foram abordados por PMs e passaram sob a mira de fuzis. Além da saída dos moradores para o trabalho, o horário de início da operação também é conhecido pela alta movimentação dos comércios, que começam a abrir, e pela presença de crianças nas ruas.
Os moradores se revoltaram contra a operação e os abusos. Através de barricadas na avebuda Leopoldo Bulhões, pneus incendiados e xingamentos contra a polícia, a população local desmascarou que o verdadeiro interesse da operação estava em amedrontar a comunidade durante um período em que os políticos e demais representantes do velho Estado são cobrados pelo povo carioca pelo descaso às fortes chuvas que, novamente, deixaram milhares de fluminenses e cariocas desalojados, além de 12 mortos.
Frente ao rechaço das massas, a polícia procurou responder gritando, ameaçando e agredindo os manifestantes, que não se amedrontam e receberam forte apoio de moradores e da população de outros locais através das redes sociais..
A favela de Manguinhos, junto com o Complexo da Penha, estiveram entre as duas favelas cujos trabalhadores tiveram R$ 14 milhões de prejuízos causados por operações policiais, de acordo com uma pesquisa publicada pelo Cesec em 2023. Em média, os pequenos comerciantes locais perderam mais de 50% de faturamento. Dentre outros direitos violados pelas tropas policiais estão a restrição do direito de ir e vir, mesmo que para trabalhar, e o roubo de objetos pessoais por parte dos policiais, constantemente denunciados pelas massas.