A família de Rudimar Rolim Machado, operário assassinado pela Polícia Militar (PM) do Rio Grande do Sul em Erechim, no norte do estado, denunciou ao AND as farsas veiculadas pelo portal g1 (monopólio de imprensa Grupo Globo) e pela emissora de televisão RBS (afiliada da Rede Globo no RS) acerca do caso. Segundo a família, o monopólio de imprensa insiste em afirmar que o assassinato ocorreu “após uma confusão em um bar, às margens da BR- 153”, quando, na realidade, o fato ocorreu em frente ao supermercado Rebonato, local de grande movimento no bairro Aeroporto Vitória II. Além disso, a família denuncia que as matérias publicadas contém termos como “discussão” ou “confusão”, indicando que os trabalhadores haviam provocado a ação dos policiais. Dilmar Machado, irmão da vítima, condena que, desde o dia do assassinato (23/03/2023), diferentes canais afiliados ao monopólio de imprensa procuraram a família, os entrevistaram, e cortaram as partes onde a denúncia aos PMs se fazia mais presente. Segundo ele, esta é uma forma de “denegrir a imagem de Rudimar e limpar a barra dos policiais”.
Relembre o caso
No dia 23/03, Fernando Ornetta Boschetti, soldado da Brigada Militar/BM (como é chamada a PM no RS) há 11 anos, atirou à queima roupa e assassinou o soldador e professor de capoeira Rudimar Rolim Machado, de 37 anos. Nos dias seguintes ao assassinato, a família relata perseguições e intimidações da PM. Uma delas, relata Dilmar, foi o encontro de cerca de 60 PMs próximo à sua casa, poucos dias após o assassinato, para “demonstrar apoio” a Boschetti. Durante o encontro, os PMs bateram uma foto, publicada nas redes sociais com a legenda: “Imagem que transcende qualquer opinião injusta sobre o nobre trabalho policial! Estamos contigo guerreiro!”.
“Discussão”, “confusão”; monopólio de imprensa repete velha tática
Criminalizar trabalhadores assassinados pela PM é uma velha tática do monopólio de imprensa, porta-voz oficial do velho Estado brasileiro de grandes burgueses e latifundiários, e portanto, defensor ferrenho das suas forças de repressão. O truque também se fez presente no assassinato do caminhoneiro Gilvane Pinto, de 41 anos, em Catuípe (RS). Segundo matéria publicada no g1 RS um dia após o assasinato (22/04/2023), o trabalhador foi assassinado após uma “discussão” com um PM. A família de Gilvane denuncia que o PM em questão pulou o muro da casa do caminhoneiro, vestindo uma touca ninja e armado, e disparou inúmeras vezes. Esta é a “discussão” que o monopólio de imprensa busca emplacar em assassinatos cometidos pela PM Brasil adentro, como os de Rudimar e Gilvane.
Família de operário promete não recuar
A família afirma que, apesar das fustigações da PM e das inúmeras tentativas de criminalizar Rudimar, persistirá na luta por justiça. Recentemente, em maio, cerca de 80 pessoas, entre familiares e amigos, realizaram uma vigorosa manifestação exigindo a punição dos policiais assassinos do operário.