SP: Em encontro de mulheres no 8/3, trabalhadoras denunciam descaso da prefeitura em condomínio popular

Grupo de Mulheres Remís Carla realizou uma reunião com as moradoras do Condomínio Popular Esplanada celebrando o 08/03. Na ocasião, elas denunciaram o descaso vindo de anos e anos por parte da Prefeitura de Guarulhos e de administrações anteriores para com a manutenção do lugar.

SP: Em encontro de mulheres no 8/3, trabalhadoras denunciam descaso da prefeitura em condomínio popular

Grupo de Mulheres Remís Carla realizou uma reunião com as moradoras do Condomínio Popular Esplanada celebrando o 08/03. Na ocasião, elas denunciaram o descaso vindo de anos e anos por parte da Prefeitura de Guarulhos e de administrações anteriores para com a manutenção do lugar.
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No dia 24 de março, o Grupo de Mulheres Remís Carla realizou uma reunião com as moradoras do Condomínio Popular Esplanada celebrando o 8 de março (Dia Internacional da Mulher Proletária). Na ocasião, elas denunciaram o descaso vindo de anos e anos por parte da Prefeitura de Guarulhos e de administrações anteriores para com a manutenção do lugar. Após uma tempestade em dezembro de 2023, os blocos 6 e 13 foram duramente afetados por um destelhamento e estão sofrendo graves riscos estruturais e sanitários. Moradores também lidam com falta de luz e infiltração severa nos apartamentos.

A reunião debateu a origem da data, a opressão feminina, e, dentro disto, o trabalho doméstico e o caráter de classe do “Dia da Mulher”, verdadeiramente Dia Internacional da Mulher Proletária, apontando as diferenças entre as condições das mulheres exploradoras e das mulheres trabalhadoras. Ali também se colocou a luta popular como caminho obrigatório para alcançar a libertação destas. 

Denúncias foram feitas durante reunião de mulheres para celebrar 8/3. Foto: Banco de Dados AND

As moradoras do Condomínio Esplanada, no Bairro dos Pimentas, aproveitaram o evento para trazer problemas pontuais que afligem a elas e suas famílias. A localidade se desenvolveu a partir de 2012 com a realocação de pessoas vindas de outras periferias do município, como São João e Vila Any, e nunca recebeu a devida manutenção. “Jogaram a gente que nem bicho”, denunciou uma mulher. 

Tamanho é o descaso que os documentos de posse dos apartamentos só foram disponibilizados no ano passado e sob a cobrança de R$ 155. Os moradores relatam problemas de convivência causados por drogas e falta de lazer, bem como falhas no fornecimento de água, energia, e gás. Já faz meses que as escadas dos blocos estão sem luz.

No projeto prometido pelo então prefeito Elói Pietá (PT à época), foi garantido que não seria cobrada a taxa de condomínio, o que não se manteve com o passar do tempo. Muitos moradores boicotam a cobrança, em protesto contra o uso indevido do dinheiro. A maioria dos síndicos anteriores cometeu casos gritantes de corrupção, como vender apartamentos, roubar do caixa, não dar informe dos gastos, e faltar com o pagamento de funcionários de limpeza, manutenção, e portaria. Por esta razão, há processos no nome do condomínio que somam mais de R$ 200 mil. 

Quando uma tempestade causou o destelhamento dos blocos 6 e 13, a última síndica proibiu que chamassem uma reportagem para noticiar o ocorrido, alegando que era necessário não dar brecha para que se falasse dos processos trabalhistas. Ela atuava também no condomínio privado vizinho chamado Dunas, tem parentesco com policial, e barrava as atividades do Comitê Estudantil de Solidariedade Popular (CESP), promovido por estudantes da faculdade pública em frente (UniFeSP). As trabalhadoras prezam pelas saúde e segurança dos condôminos, afirmando “E se morre alguém? Vai importar o processo?”.

Moradores enfrentam insalubridade 

O correspondente local de AND em Guarulhos visitou a casa de uma das moradoras, a qual tem sofrido com efeitos severos da infiltração que abala seu bloco. As paredes estão tomadas pelo mofo e úmidas ao toque, enquanto a nova porta de entrada inchou e uma peça de metal no batente provoca choque elétrico em quem toca. Vários pontos do teto têm goteiras alimentadas pelas poças no terraço. Agentes da Prefeitura instalaram uma lona que não consegue prevenir a formação delas e que alimenta a proliferação dos mosquitos.

Há um temor pelos problemas respiratórios que o mofo provoca, as doenças transmitidas por mosquitos (zika, chikungunya, e dengue), o terraço infestado de goteiras, e a estrutura dos próprios prédios, que juntos abrigam 71 apartamentos. Outras pendências, especialmente a escuridão nas escadas e a precariedade de outras estruturas, também podem causar grandes danos materiais e principalmente humanos se continuarem sem resposta.

A gerência da situação compete aos órgãos estatais de saúde e defesa civil, mas nada foi feito de sua parte até o momento. As moradoras discutiram sobre soluções e trouxeram exemplos da necessidade de se organizar coletivamente a fim de dar ideias e tomar ação pelas demandas do condomínio. Elas também propuseram uma administração local com participação ampla dos condôminos, para que sua atuação seja democrática e eficiente. 

Ao final, ficou decidido procurar um especialista para fazer o laudo estrutural dos blocos e divulgar uma vaquinha para comprar os materiais da reforma. É necessário repor o telhado e reparar as infiltrações. Contribuições podem ser transferidas para a chave PIX “[email protected]”. Interessados em colaborar de outras maneiras podem entrar em contato pelo endereço de email “[email protected]”.

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