‘Estamos sendo enganados em mesas de negociação com o Governo Federal’, afirma Técnico-Administrativo da UFSC

Em Santa Catarina, a greve mobilizou trabalhadores como Vítor Monteiro Moraes, enfermeiro do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que explicou ao AND que a greve foi deflagrada depois de diversas tentativas de negociação com o governo. 

‘Estamos sendo enganados em mesas de negociação com o Governo Federal’, afirma Técnico-Administrativo da UFSC

Em Santa Catarina, a greve mobilizou trabalhadores como Vítor Monteiro Moraes, enfermeiro do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que explicou ao AND que a greve foi deflagrada depois de diversas tentativas de negociação com o governo. 
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Desde o dia 11 de março, os trabalhadores Técnicos-Administrativos da Educação (TAE) estão em greve pelo reajuste salarial, recomposição orçamentária, reestruturação do plano de carreira e outras pautas. Em Santa Catarina, a greve mobilizou trabalhadores como Vítor Monteiro Moraes, enfermeiro do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que explicou ao AND que a greve foi deflagrada depois de diversas tentativas de negociação com o governo. 

Ele pontuou também que, além das pautas a nível nacional, os servidores exigem os cumprimentos das reivindicações para cada instituição. Em SC, eles exigem a revisão da concessão de licença que busca facilitar que o TAE possa se especializar em sua área de interesse.

Confira, abaixo, a entrevista completa.

AND: Quando vocês começaram a greve? Qual a motivação da mobilização?

Vítor: Bom, essa greve, até para nós mesmo da categoria, a gente fala que essa greve começou atrasada, né. Mas isso veio por conta da toda negociação que foi tentada no primeiro ano do governo Lula agora. Onde se tinha uma esperança até um pouco fomentada pelo próprio governo também de reajuste salarial e de revisão do nosso plano de carreira, que está bem desatualizado. Quanto aos reajustes salariais, a gente teve um no passado de 9%, mas que não tem efeito nenhum sobre a inflação incidida, nos nossos vencimentos desde os últimos reajustes que tiveram em torno de 2016, por aí.

Então fazia bastante tempo que não tinha reajuste e o reajuste que veio foi mínimo. Isso foi negociado durante o final do ano passado. Já se pensava em greve desde o final do ano passado, no final se viu que não ia sair nada, já com a proposta orçamentária do governo. E enfim, quase as discussões políticas estavam tendo mostrando que não era a prioridade deles discutir a categoria naquele momento. E no início do ano então, se fosse fomentando, fosse construindo isso nas bases, e se tomou por consenso então, iniciar com essa grave dos TAE’s né, os técnicos-administrativos em educação. Então foi esse mais ou menos o contexto de, digamos assim, eclosão do movimento, de decisão pela greve. A necessidade premente de reajuste salarial e a revisão do nosso plano de carreira que está extremamente defasado, principalmente se a gente comparar com os outros três poderes, né. Dentro do próprio executivo já é discrepante né, mas que ao comparar com o judiciário e com o legislativo, a  diferença é assombrosa, assim a nossa, digamos, não priorização dos TAE’s, que são dentro do executivo uma classe massiva que tem bastante importância para tocar educação federal.

AND: Frente a greve dos TAE’s, os estudantes e os professores passaram a se mobilizar. Mas nesse final de semana, a gente recebeu a notícia de que os professores optaram por não aderir a greve. Quais são suas considerações diante das mobilizações que vocês também causaram e dessa decisão dos professores?

Vítor: A gente teve nesse primeiro momento a notícia da decisão da associação daqui da universidade. A gente fica um pouco desanimado porque a gente entende também o lado dos docentes. A gente entende que para eles, por não estar sendo fácil para nós, para eles também não deve estar. Por mais que eles tenham um plano de carreira mais bem estabelecido, digamos assim, dadas as proporções, umas melhores condições, mas ainda assim defasado como na nossa condição.

A gente, por outro lado, avalia, então, esse movimento, especificamente dos docentes, de uma forma positiva. A greve não foi deflagrada na última assembleia que teve dos docentes. Abriu-se uma votação online, eles têm os seus métodos, não estamos aqui para questionar isso, mas… Uma assembleia  de votação de 3 dias online, com algumas pré-vejas de votação, algo… enfim, algumas notícias também que foram aparecendo no meio. O próprio governo que se mobilizou e chamou uma mesa, também convocando para discutir a parte docente, junto com o nosso plano de carreira, coisas que acabaram também nos mobilizando um pouco nesse sentido na nossa avaliação.

Mas ainda assim, mesmo com todos esses poréns, houve uma grande parcela de votação dos professores a favor da greve. Foi só 70 votos de diferença no universo grande de docentes, não me recordo o número exatamente, mas foram em torno de 500 votos, algo assim, a favor. Então, 70 a mais para a não adesão que acabou sendo vitoriosa. Então, a nossa avaliação nesse sentido ainda é positiva, porque a gente entende também os docentes.

AND: Eu queria que o companheiro falasse um pouco sobre as reivindicações que vocês fazem. Quais são suas exigências?

Vítor: Primeiro vou explicar do começo: isso é uma greve nacional, ela é puxada pela FASEBRA que é a nossa federação de sindicatos, então não é uma greve localizada aqui da UFSC que está acontecendo, isso também está, digamos assim, se propagando nas instituições de ensino federais, que como eu te disse, nós não tivemos nesse primeiro momento a decisão por greve docente aqui dentro da universidade, mas tem outros sindicatos de professores também, dando seus indicativos, tirando suas assembleias, então talvez em alguns outros centros, os docentes entrem junto, os institutos federais, são vários em greve, então cada vez mais, cada vez crescendo mais os federais são bem numerosos, então é um movimento unificado nacionalmente.

Nacionalmente as pautas são pelo reajuste salarial, para se repor, a defasagem salarial dos últimos anos, alguns índices apontam até 70% de defasagem, dados os fatores econômicos que são avaliados ali, né, a proposta que veio do governo, que eu falei na primeira resposta, dessa negociação que se teve durante todo esse ano e tal de primeiro ano do governo, tentando fazer as garantias orçamentárias e o que veio para nós foi uma proposta de apenas reajuste no auxílio alimentação, que não contemplam por exemplo, os aposentados, e 0% de reajuste salarial. Então é contra essa proposta que a gente está fazendo essa greve, porque a gente quer um reajuste salarial que contemple as nossas demandas, as nossas necessidades, que realmente seja um reajuste, não seja só um mínimo aumento numérico, como assim dos vencimentos, então é um reajuste real e que seja ainda esse ano, que comece ainda esse ano.

Queremos também, claro, a revisão do nosso plano de carreira, que está, como eu falei já, defasado em relação ao próprio executivo e, principalmente, quando comparado com os outros poderes, fugindo até, aos princípios constitucionais colocados, de não haver essas diferenças entre esses poderes, mas acabam sempre tendo algumas brechas que favorecem os outros poderes, principalmente, legislativo e o judiciário, faz muitas das discrepâncias enormes, então principalmente essas solicitações.

Aqui localmente já estão construindo, já tem algumas pautas mais consolidadas localmente para a gente conseguir mudanças dentro da própria agência da universidade com essa barganha, essa moeda de troca que a gente tem com movimentos de greve, isso nos oportuniza de fazer esse movimento que é muito político, né, mas que também vem a melhorar, a criar novos fluxos, a melhorar universidade como um todo, pensando também nos trabalhadores, não só nos estudantes, não só nos docentes, né, pensando no trabalhador, técnico-administrativo que toca universidade e que vai acabar claro,  sempre trazendo um bem comum, né, melhorando as condições de trabalho, melhorando alguns fluxos que vão melhorar a comunidade acadêmica como um todo, melhorar  o andamento aqui dentro, então, por exemplo, a gente tem uma defasagem muito grande aqui dentro da universidade com a questão da saúde do trabalhador, eu falo isso principalmente quanto ao Hospital Universitário, a gente tem um alto grau de adoecimento por causa do trabalho, tanto lesão por esforço repetitivo repetitivo, doenças de ordem psicológica e psiquiátrica, que acaba por acometer, como a coisa do estresse excessivo. Doenças que nós adquirimos por causa do trabalho que não são vistas, a gente não faz um exame, por exemplo, periódico anual, como qualquer outra empresa faria, né, nós não temos nenhum tipo de atendimento, antes nós tínhamos serviços de atendimento à comunidade, que foi retirado da Universidade por entendimentos jurídicos, não foi nem por uma determinação jurídica, foi por um entendimento, e se optou nas gestões passadas de que isso não era adequado, então, a gente tem meios de reivindicar isso agora com a Greve, a questão de revisão da concessão de licença, que tem sido  muito moroso em alguns centros, para facilitar com que o técnico-administrativo irá conseguir se especializar na área de interesse dele, e outras várias que estão crescendo, essas que eu falo especificamente, elas têm surgido em relação ao Hospital Universitário, que é o setor em que eu mais estou participando porque eu sou desse setor, então, que tem vindo e que a gente vai colocar isso para as próximas negociações que a gente tiver, mas em relação aos outros setores da Universidade, isso também tem sido, a gente tem feito reuniões pelo menos dos setores específicos para conseguir levantar essas pautas e conseguir fazer algo mais sedimentado para a gente poder negociar e tirar isso na Greve.

AND: Você poderia falar um pouco sobre a invisibilização que vocês sofrem pela comunidade universitária?

Vítor: Isso eu posso falar até por mim mesmo, né, eu me formei para a universidade federal e hoje eu estou conhecendo o outro lado, hoje eu sou técnico-administrativo, por mais que eu trabalhe na assistência, a gente tem contato com os alunos, então a gente acompanha os estagiários, desde os primeiros exercícios da enfermagem, principalmente que é a minha profissão, mas os outros também, na medicina, que passam por nós, todos  os estudantes da área da saúde acabam passando por nós, é um pouco diferente da dinâmica que a gente tem dentro de a universidade, onde muitas vezes o TAE é visto como um secretário especializado em alguma coisa, mas é uma comunidade muito diversa e que tem muito a oferecer para a universidade, mas só que isso quem sabe, quem faz os discursos geralmente são os técnicos-administrativos que conhecem suas potencialidades, conhecem seu trabalho, e que sabem que são vitais para a universidade. A gente está vendo isso, estamos tendo uma greve massiva, mais de 1.200 servidores já, e os inúmeros serviços que funcionam, quase que digamos assim, fisiologicamente dentro da universidade, e que estão parando, porque os servidores estão parando, e são os servidores extremamente especializados naquilo que fazem, e que, pelo sucateamento e também pelo grau de especialização que tem, muitas vezes conseguem fazer um servidor o trabalho de dois ou três, dependendo do centro, e que, às vezes, aquele único servidor que está ali já sobrecarregado, decide parar, por pensar em si próprio naquele momento, ele é visto como, sei lá, um entrave pelos colegas, pelos próprios alunos, pelos docentes, de estar atrapalhando o andamento da universidade, mas não, na verdade, olha o grau de importância que aquele servidor tem, ou está comprindo tantas funções, o que é para nós é uma coisa demonizante, digamos assim, a gente tem que passar por isso, mas a gente tem esse grau de especialização que nos permite fazer esse trabalho  com excelência, para que a UFSC seja ainda em alguns rankings,  a segunda melhor universidade do país, isso também tem muito do nosso trabalho envolvido, é a gente que toca em boa parte todo o serviço da universidade, isso é visto no momento de greve, mas isso claro que a gente não espera que a comunidade vai ver isso com bons olhos, que vão nos abraçar, que vão nos acolher, porque a gente entende como isso é colocado pela grande mídia, como esse é colocado socialmente, a gente sabe como isso funciona, mas esse é o momento da gente dizer, olha só, chega! O nosso trabalho é importante, a gente quer reivindicar melhorias para que a gente continue fazendo, com excelência, que isso melhora cada vez mais, que a gente consiga reverter esses sucateamentos que a gente vê na universidade Pública. A greve é um dos mecanismos de luta que nos permitem, de certa forma, fazer isso, por mais que seja um grito de socorro do trabalhador, então, a gente tem que, eu pelo menos sempre faço esse pensamento dual, o que é bom, o que é ruim, então a greve tem essas partes positivas que nos permitem negociar, nos permitem sentar e discutir, mas vai trazer seus prejuízos, vai trazer seus entraves, e vai acabar prejudicando de alguma forma, porque a gente está parando de fazer o nosso trabalho, a gente entende isso, e não espera que seja diferente também. E sem nenhum tipo de prejuízo também não somos ouvidos.

AND: Eu queria também que você falasse um pouco sobre a sua tomada de decisão por aderir a greve, contar também que vocês não só pararam de trabalhar e foram para as suas casas, todos os dias vocês ficam aqui conversando com a comunidade, fazendo suas falas, fazendo cartazes, vocês estão participando da greve de forma ativa, né, então seria bom se o companheiro pudesse falar sobre isso também.

Vítor: Isso, claro. Então, a minha decisão, de entrar em greve, a gente já vinha pensando que na verdade, eu, pelo menos, meu processo, que eu falo para os colegas nas passagem de setores, e tal, ou quando eu vejo um colega a decisão para entrar em greve é individual.

Por mais que seja um momento coletivo, a gente vai ter essa força coletiva ela só tem a partir do momento que eu individualmente decido entrar. Os meus motivos individuais de entrar em greve, para além do salário, e isso acho que reverberam todos os profissionais do Hospital Universitário, pelo menos a maioria, não é só pela questão salarial, a questão salarial também é importante, mas é muito mais pelas condições de trabalho que estão degradantes dentro do Hospital  Universitário, e de muitos colegas da Universidade também, não é só o salário, eu quero as coisas aqui dentro melhores, que a gente consiga trabalhar melhor, que a gente consiga fazer dessa Universidade, que eu falei antes, a segunda melhor do Brasil, seja a segunda melhor do Brasil para nós também, trabalhadores, que não seja só para índices de ensino, índices de produtividade, que muitas vezes nada tem a ver, e a gente está vendo isso na verdade, nada tem a ver com as condições de trabalho que estão são possas aqui dentro. Como esses trabalhadores que estão produzindo com tanta excelência estão sendo tratados pela instituição? Como eles estão sendo vistos dentro da instituição? E isso acontece muito em toda a universidade, no Hospital Universitário é muito marcante isso, principalmente depois de entrar da EBSEHR na gestão do hospital, que vieram com inúmeras promessas, é uma empresa pública começou a gerir a parte de pessoal e a administração como um todo do hospital, a despeito de consultas públicas feitas da universidade que eram contrárias a  essa decisão, isso a gente tem que lembrar sempre, e com inúmeras promessas de melhoria, que a gente vê que na verdade está sendo tudo ao contrário. O hospital está cada vez mais sucateado, cada vez mais fechando leitos, cada vez com menos profissionais, profissionais cada vez adoecendo mais, e não se vê nenhuma preocupação de conseguir reverter isso de alguma forma.

Parece que é só deixar o barco correr na correnteza, entenderam naquele sentido ali, e que a gente sabe onde vai dar. É o fim da Universidade Pública, então a gente já está vendo isso, a gente já está sentindo isso, e nesse momento, então, com todo esse, digamos assim, engrossando esse caldo que vem nacionalmente das questões de salário e de plano de carreira que são as duas pautas maiores, as condições de trabalho estão muito precárias, é o isso que tem feito e que me fez parar, em grande parte, a gente não conseguiu que nem eu falo pros colegas duas universidades especificamente, a gente não dá o atendimento que a gente sabe que o paciente merece, a gente dá o atendimento que a gente consegue com as condições porcas que a gente tem.

AND: Companheiro, você poderia explicar o que aconteceu hoje de manhã, o ato feito pelos estudantes de odontologia?

Vítor: Isso foi um ato que aconteceu agora pela manhã, a gente foi pego de surpresa, com isso, a gente não sabia dessa organização, mas enfim, depois vendo ali a gente entende as motivações, por mais não concorde. Foram alunos da clínica odontológica, aqui na Universidade, que é uma clínica odontológica que faz atendimento para a comunidade, esses atendimentos, são feitos pelos alunos junto com os professores e é desse modo que os alunos têm sua carga horária prática completada. É óbvio que esse atendimento precisa de técnicos-administrativos da educação especializados lá, principalmente na questão da parte de esterilização dos materiais, de atendimento ao público, enfim, organização das alas, e tudo mais para que os atendimentos aconteçam, para possibilitar que isso ocorra. Nós tivemos uma adesão massiva nesse setor, o que acabou impossibilitando esses atendimentos de ocorrer. Então ainda assim, os servidores de lá fazem um rodízio para manter as máquinas funcionando, para que não haja prejuízo nas máquinas da universidade, elas precisam pela especificidade lá de, pelo menos uma vez por semana serem ligadas, deixar com que elas funcionem para que não estraguem. Então isso tem sido mantido, mas não tem como fazer os atendimentos. A gente sabe que os coordenadores de curso envolvidos lá, os coordenadores de centro, também os diretores de centro, eles são contrários a greve, eles acreditam que a greve estaria prejudicando o serviço do CCS (Centro de Ciências da Saúde), eles creem que esse atendimento seja essencial. Já a nossa posição enquanto o movimento da greve, que a gente já colocou para eles inúmeras vezes, eles mandaram inúmeros ofícios pedindo reiteradas, às vezes, de uma forma insistente, mesmo a gente já dando os retornos que a gente tinha, enfim, pedindo que se retome todos os atendimentos da clínica odontológica.

A gente explicou nos termos do ofício que a gente não entende esse atendimento como essencial, a não ser, obviamente, de alguns casos específicos, de tratamentos que estão em continuidade, como um tratamento de canal que está sendo feito ou paciente que está lá com uma cobertura provisória no dente, realmente, atendimentos assim não podem parar. Mas a gente tem que saber quantos são esses atendimentos, para que daqui a pouco eles não usem isso para uma estratégia de gestão, de acabar furando a greve, tirar esses servidores que, também, têm o seu direito à greve. A gente não pode nunca fazer com que se abdique do direito de greve, do servidor, o direito do aluno de estudar e do professor de dar sua aula não pode passar por cima do direito do servidor à greve, principalmente  porque não é um serviço essencial, a não ser nesses casos específicos, então nós pedimos esses números que não foram dados nenhum no momento. E agora nós fomos surpreendidos com um ato de alunos vindo aqui para reivindicar que a clínica volte a funcionar na sua totalidade. Mas o que foi posto nas mesas de negociações, nos meios que estão postos, institucionalmente, e também, por meio do movimento grevista, não foram respeitadas. Então, a gente quer, o que a gente está vendo é que querem que um lado da história, digamos assim, seja visto, o que seja favorecido, em relação ao outro, revelia da nossa iniciativa de negociação que nós já tivemos. Desde o começo, nós tivemos, isso já foi avaliado a gente tem uma comissão de ética que avalia essas situações dentro do movimento grevista, isso foi discutido, foi discutido com os profissionais que trabalham na clínica odontológica. E mesmo assim, com todas as explicações que foram dadas, parece que não querem ter uma linha de diálogo e que querem passar meio que a força.

Mas esse momento de greve não é um momento de passar as coisas à força,  a gente precisa sentar todos juntos com a gestão e decidir essas questões, porque a gente entende, a greve que nem se falou anteriormente, sem prejuízos, ela não cumpre seu papel. Ela não consegue, enfim, ter seu efeito. Então, essa situação que está ocorrendo agora, subiram ali, viram em ato da odontologia todos vestidos de branco, para batucar e tudo mais, e entraram no gabinete do reitor para conversar com a reitoria. A gente vai ver agora o que vai vir disso, o que vai se discutir a partir disso. Mas a nossa posição é nossa, a gente não é contra os estudantes, a gente quer justamente que a gestão se apodere da sua função e gerencie essa crise, que não é causada por nós  trabalhadores. Não estamos fazendo a greve porque, por nossa decisão, por não se importar, estamos fazendo porque a gente foi forçado a fazer greve. A gente não teve reposição salarial, a gente está sendo enganado em mesas de negociação do governo federal. Então, a gente é o movimento que foi ocasionado. Então, a gente quer que os gestores também se apoderem disso, entendam o nosso movimento e nos apoiem nesse sentido, e que gerenciem a crise com formas, necessidades e as possibilidades que eles têm.

Dado o movimento grevista e não a despeito do movimento grevista.

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