Latifúndio promove terror a mais de 80 famílias no Maranhão

Casas e roças foram destruídas durante ataque de pistoleiros a mando do latifúndio Foto: Reprodução
Casas e roças foram destruídas durante ataque de pistoleiros a mando do latifúndio Foto: Reprodução

Latifúndio promove terror a mais de 80 famílias no Maranhão

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A comunidade camponesa Baixão dos Rochas, em São Benedito do Rio Preto (MA), foi alvo do ataque de um bando paramilitar do latifúndio composto por aproximadamente 15 homens encapuzados e fortemente armados com armas de grosso calibre, no dia 19 de março. Segundo os camponeses, os pistoleiros mantiveram reféns, destruíram casas, queimaram roças e mataram animais. As informações são da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que acompanha o conflito.

Os camponeses denunciam que a milícia privada do latifúndio invadiu as casas e expulsou os camponeses, dentre eles idosos e crianças, com grande violência. Após isso, os manteve reféns e prosseguiu a queimar e destruir casas e roças, saquear alimentos estocados da comunidade, furar pneus dos veículos dos camponeses e matar animais de estimação e criação. Após a investida da pistolagem sobre suas terras, promovendo terror às mais de 57 famílias que lá vivem e produzem, muitos camponeses idosos tiveram de ser levados ao hospital mais próximo.

Um vídeo gravado pelos camponeses circula pelas redes sociais e mostra que os pistoleiros encapuzados permaneceram na área, sendo escoltados por agentes da Polícia Militar (PM), que “mediaram” o conflito. No vídeo, é possível ver os camponeses enfrentando um pistoleiro encapuzado ao lado dos militares, mandando que o mesmo “tire o pano da cara”. O pistoleiro responde que “não é obrigado a fazer nada que não queira” e então um PM saí em sua defesa, encenando “mediar” o conflito: “rapaz, ele tá dizendo que não é obrigado a tirar essa porra da cabeça. Gente, tenham paciência!”

Camponeses vivem nas terras há mais de 80 anos

A comunidade Baixão dos Rochas é uma área de aproximadamente 600 hectares ocupada há mais de 80 anos. De acordo com a CPT, a moradora mais idosa da comunidade possui 85 anos, e sua família está na quarta geração dentro do território. 

Os camponeses denunciam que em 2021 as empresas Terpa Construções S.A e Bomar Maricultura LTDA iniciaram o roubo das terras, alegando serem suas (sem documentos que comprovem a suposta posse). Desde então, bandos paramilitares do latifúndio passaram a desmatar áreas de roças e vegetação, sem licença ambiental, para o plantio de soja, além de constantemente ameaçarem camponeses. De acordo com denúncias da CPT, alguns camponeses chegaram a desenvolver severos problemas de saúde mental, depressão, ansiedade e insônia devido às investidas do latifúndio.

Em agosto do ano passado, viralizou nas redes sociais um vídeo produzido por moradores da comunidade de Baixão dos Rochas, em que tratores desmatavam e destruíam roças, quase atropelando os camponeses da comunidade. Na ocasião, uma camponesa idosa quase foi atingida. 

Ainda em 2022 as empresas conseguiram uma liminar na justiça, contrária aos interesses dos camponeses, para reintegração de posse.

O caso segue judicializado na Vara Agrária do Maranhão. De acordo com organizações que acompanham a comunidade, as terras ocupadas são públicas, e o próprio Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (Iterma) já identificou o processo de grilagem, não havendo sequer origem de registro.

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