Recentemente, o imperialismo ianque cedeu às Forças Armadas ucranianas jatos F-16, o que ampliou ainda mais sua intervenção na guerra de agressão promovida pela Rússia. Essa é a mais recente de muitas iniciativas dos ianques na Ucrânia. Apesar disso, a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia encontra-se em uma indefinição estratégica, segundo os próprios analistas burgueses. Os russos não podem derrotar a Resistência Nacional ucraniana, que conta com a nação em pé de guerra para defender sua pátria, mas tampouco o imperialismo ianque permite que a Ucrânia expulse completamente os russos.
A relativa estagnação do avanço das tropas ucranianas – cuja mobilização para a guerra conta com as classes populares, que ambicionam expulsar o invasor de suas terras – se deve a dois fatores: o primeiro, à linha militar reacionária, de apoiar-se nas armas. Zelensky não se apoia nas massas, armando-as e dando-lhe liberdade de iniciativa na guerra de resistência, como a organização de forças irregulares, guerrilheiras, para enfraquecer as posições do invasor desde dentro de suas linhas. Antes, dedica tudo à guerra regular, chocando-se numa “guerra de desgaste” com o poderio bélico russo, o que conduz a um equilíbrio relativo. Isso se deve a um simples fato: Zelensky teme as massas populares e é um capacho do USA e da União Europeia. Seu compromisso com a velha ordem burguesa está muito por cima do patriotismo que tagarela entre um evento internacional e outro, enquanto é paparicado por magnatas internacionais.
Deste problema, decorre outro, de igual peso: Zelensky, pelo seu caráter de classe, busca apoiar-se na OTAN e no imperialismo ianque, e não no povo ucraniano, para levar a guerra adiante. Aqueles, agradecem: usam como bucha de canhão as tropas ucranianas para pressionar o imperialismo russo em seus interesses hegemonistas e em detrimento dos interesses anti-imperialistas e patrióticos da Ucrânia.
O jogo do imperialismo ianque e da OTAN é claro: fornecer a Zelensky condições bélicas para desgastar a máquina de guerra russa, mas não lhe ceder o suficiente para encurralar os russos – como o comprovam os recorrentes “atrasos” para envio de armas a Zelensky, frente a que este último, como um tonto marionete, reclamou em suas últimas viagens à Europa; o que tem atrasado o desencadear da tão propagandeada “contraofensiva de primavera”. Foram também os ianques que, em abril, vazaram informações de relatórios seus, tidos como “ultrassecretos” (!), nos quais caracteriza Zelensky com o desmoralizante epíteto de “excessivamente agressivo” em suas intenções de expulsar os russos e logo passam a acusá-lo por atacar a Rússia por drones – certamente porque este tem se mostrado inconvenientemente insistente quanto à necessidade de mais armamentos da OTAN. Neste relatório, o USA também afirma que a guerra durará muito tempo devido a um impasse estratégico – por suposto é sua estratégia de lassidão, de fazer sangrar a Rússia numa guerra de alto custo ao prolongá-la; trata-se, ao mesmo tempo, de uma análise e de uma política para conduzir sua intervenção.
Os ianques sabem que se a burguesia imperialista russa sentir que sofrerá uma derrota estratégica na Ucrânia, poder-se-á precipitar o uso de bombas nucleares táticas como num ato desesperado – hoje, o único país que utilizou armas atômicas em guerras foram os imperialistas ianques, diga-se de passagem. Essa escalada poderia ser a antessala de uma nova e terceira guerra mundial, para a qual, nem os russos e nem os ianques, como de resto as demais potências imperialistas, a bom juízo, não estão dispostas a desatar, pela incerteza da hecatombe que significará, isso sem contar a repulsa e fúria com que os povos do mundo se levantarão contra seus patrocinadores à sua eminente eclosão.
Os russos “sentem o pulso” da situação mundial e sabem que, se perderem sua zona de influência sobre a região de Donbass, na Ucrânia, estarão cercados pelos ianques, cuja pretensão é fazê-los capitular de sua condição de superpotência atômica e abrir posições para avanço ianque, no Oriente Médio Ampliado, e o mais grave, o desmembramento da própria Federação Russa. Por sua vez, os ianques usam Zelensky para demonstrar aos russos que não poderão vencer, mas, ao mesmo tempo, dão sinais à oligarquia russa de uma saída honrosa: um acordo de paz, no qual saiam da Ucrânia, com a contraparte de a mesma não ingressar na OTAN ou criar uma zona desmilitarizada na região de Donbass. No plano tático, os ianques atuam no sentido de desgastar os russos, o que acumula, por sua vez, para sua estratégia de neutralizá-los, através da instalação de uma ampla linha de escudos antimísseis atômicos ao redor de suas fronteiras. A moeda de troca: partilha do território ucraniano.
Cabe às forças consequentes no seio da Frente Única de Resistência Nacional tomar parte ativa nos combates, denunciar todas as tentativas de capitulação e exigir a mobilização e armamento total do povo ucraniano até que não reste nenhum soldado russo e ou outros imperialistas no seu sagrado território.