MS: Policiais e pistoleiros atacam indígenas na comunidade Kurupi

MS: Policiais e pistoleiros atacam indígenas na comunidade Kurupi

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A comunidade Guarani-Kaiowá Kurupi, localizada em Naviraí (MS), foi atacada por pistoleiros e pela Polícia Militar (PM) à soldo do latifúndio no dia 16 de março. Segundo denúncias dos indígenas, pistoleiros da fazenda que faz divisa com Kurupi iniciaram um processo de desmatamento da Área de Preservação Permanente (APP) escoltados pela PM. A informação é do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Segundo os indígenas a área que estava sendo desmatada por ordem do latifúndio é de grande importância, servindo para extração de materiais e remédios da comunidade. A fim de impedir a destruição completa da mata, um grupo de indígenas se deslocou até o local para averiguar a situação. Ao se aproximarem, os indígenas perceberam a presença de veículos da PM que se encontravam junto aos pistoleiros, garantindo-lhes escolta. Neste momento, PMs efetuaram disparos de arma de fogo sobre os indígenas, que recuaram para o acampamento. Os tiros e o início das investidas puderam ser testemunhadas por uma equipe da vigilância sanitária que realizava a entrega de hipoclorito de sódio para a comunidade.

Momentos após o ocorrido, indígenas denunciam que um helicóptero passou a sobrevoar a área indígena, amedrontando as crianças e obrigando as lideranças a se esconderem mata adentro para garantir proteção. Os indígenas também denunciam que diversas viaturas se deslocaram para a entrada de suas terras, procurando pelas lideranças e as ameaçando de prisão. 

O ataque ocorreu 13 dias após a retomada de mais uma parte da aldeia Laranjeira Nhanderu, em Rio Brilhante, cidade a 100km de Dourados. A retomada foi reprimida covardemente pela PM do MS, que feriu dois indígenas com bala de borracha e deteve injustamente três lideranças após adentrar o território. Os indígenas acusam a operação de ser ilegal – uma vez que não contou mandado judicial e se sobrepôs a competência da justiça federal. 

Segundo ataque a Kurupi em oito meses 

Os indígenas denunciam que a área é palco de violência orquestrada pela PM e pistolagem há muito tempo, sendo o ataque do dia 16/03 o segundo em oito meses. Após uma retomada na região, no dia 23/05, PMs e pistoleiros atacaram por cerca de cinco dias a região.

O ataque ocorreu na mesma época da Chacina de Amambaí, quando a Tropa de Choque da PM, mobilizando um helicóptero e cerca de 100 agentes, junto a pistoleiros a serviço do latifúndio, promoveram uma covarde chacina contra jovens Guarani-Kaiowá na madrugada de 24/05 no território de retomada Tekoha Gwapo’y Mi Tujury em Amambai (MS). De acordo com denúncias do povo Guarani-Kaiowá recebidas pela redação de AND na época, cinco pessoas foram assassinadas e outras dez foram hospitalizadas.

Avanço de retomadas preocupa velho Estado latifundiário-burocrático

O avanço da luta Guarani-Kaiowá é expressão do avanço da luta popular e combativa no campo, já visto nas várias tomadas de terras que mobilizaram cerca de 15 mil camponeses desde o início do ano (no Pontal do Paranapanema, em SP, e nos estados da Bahia e Rondônia) e indígenas (em Jopara, Guapo’y e Kurupi) nos últimos 5 meses. 

Diante disso, as classes dominantes do velho Estado latifundiário-burocrático manifestam todo o ódio contra as massas indígenas e camponesas e ordenam o aprofundamento da violência contra suas lutas. O caso mais recente ocorreu no dia 09/03, quando, durante sessão da Assembleia Legislativa do Estado do Mato Grosso do Sul, o deputado reacionário Pedro Pedrossian Neto (PSD) e o oportunista latifundiário Zeca do PT taxaram as retomadas como “uma ameaça à paz” e uma “vergonha”.

Leia também: Contra o latifúndio, a criminalização e o oportunismo: Avançar as retomadas!

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