Os funcionários do Hospital Metropolitano de Sarandi estão há meses sem receber salários. A situação tem revoltado os trabalhadores, que protestaram no dia 18 de janeiro contra a violação de direitos, e mobilizado todo o povo da região, preocupado com o possível fechamento da unidade. No fim do ano passado, o atendimento da maternidade do SUS foi interrompido, forçando mães de toda a região a viajarem para outras localidades para atendimentos básicos.
De acordo com denúncias apuradas pelo correspondente local de AND, o Hospital Metropolitano de Sarandi tem atrasado o salário de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, zeladores e copeiras.
Um funcionário do hospital denunciou à reportagem que o atraso no pagamento já vem ocorrendo há tempos. Ele informa que os médicos foram os primeiros afetados e que teriam chegado a ficar seis meses sem receber um único centavo, e que nos últimos tempos isso tem se expandido para todos os quadros de funcionários do hospital. Não há previsão alguma para o pagamento. Além disso, há também denúncias generalizadas acerca da falta de insumos e medicamentos.
Sinalizando que a situação vai perdurar, o Hospital publicou, no dia 15 de fevereiro, uma nota em que afirmava que o salário referente ao mês de janeiro deste ano teria um atraso maior que o previsto, por supostos problemas com uma das principais contas bancárias responsável pelo pagamento dos salários. Além disso, na mesma nota, o hospital alegou que providenciaria “assistências” e um valor de adiantamento salarial.
A publicação foi rechaçada pelos trabalhadores. Nos comentários, um deles afirmou, em tom irônico, que “na hora de pagar minhas contas eu apresento esse papel e fica tudo resolvido. Vergonha”.
Frente à calamidade, o hospital ameaçou previamente os funcionários em caso de greve: uma das enfermeiras que trabalhava no hospital afirmou que a coordenação do hospital enviou um comunicado aos funcionários alertando que, caso estes parassem de exercer o serviço, todos teriam de responder ao código de ética.
No dia 17 de fevereiro, o Hospital publicou outra nota, informando que ao menos 40 pacientes internados UTI (Unidade de Terapia Intensiva) foram transferidos para outras cidades como Maringá, Ivaiporã, Umuarama, Campo Largo, Cascavel, dentre outras, devido à “baixa disponibilidade de funcionários”.
Frente a este comunicado, uma funcionária relatou que o hospital sempre teve menos funcionários que o ideal. Exemplificou que, em muitas ocasiões, vários enfermeiros tiveram que assumir de 3 a 4 pacientes na ala da UTI. Isso é só mais uma prova de que é insustentável para esses funcionários trabalharem sem terem a certeza de quando receberão os seus devidos pagamentos. Esta mesma funcionária fez questão de ressaltar que está desde o mês passado sem pagar suas contas, devido aos altos juros cobrados pelo atraso do pagamento, situação esta que é a realidade da maioria dos servidores do Hospital Metropolitano de Sarandi.
De acordo com a APP-Sindicato, a maioria dos 700 funcionários está com salários atrasados. Os que ganham menos receberam R$ 900 em duas parcelas de R$ 600 e R$ 300. As dívidas com trabalhadores estariam na casa dos R$ 2 milhões.
