Uma operação da Polícia Militar (PM) e da Polícia Civil (PC) com participação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) assassinou quatro moradores no Complexo do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. Essa operação ocorre exatamente um ano após a chacina da Vila Cruzeiro, que ocorreu no mesmo local, em 24 de maio de 2022. Os moradores estão desde às 5h da manhã submetidos aos disparos da polícia e aos rasantes dos helicópteros. Manifestações foram organizadas pelos moradores contra o terrorismo de Estado.
José dos Santos Júnior, de 22 anos, é a única vítima identificada até o momento. Um idoso de 60 anos foi ferido na perna quando chegava em casa. Os moradores denunciam também a invasão de casas e comércios pelos policiais, assim como a destruição de dois postes de energia na comunidade do Areal, deixando os moradores sem acesso à energia elétrica. Na região, 36 escolas estão fechadas e 11.065 alunos tiveram seu direito à estudar negado. As massas de trabalhadores hoje não puderam ir para os seus trabalhos.
Os mototaxistas da comunidade da Grota, no Complexo do Alemão, se rebelaram e realizaram uma manifestação pelo complexo. Em contrapartida, os policiais os ameaçaram com bombas de efeito moral.
Um morador usou as redes sociais para denunciar a operação terrorista: “Ta tendo vários moradores sofrendo essa covardia que os polícias fazem aqui no Complexo do Alemão e na Penha. Derrubaram até transformador. As crianças nem pra escola podem ir”. Denunciando o monopólio de imprensa, o morador também afirma: “Só sabe quem vive aqui dentro da favela, valeu? Falar da televisão é mole, aí chega mais tarde você tá no seu programa e as pessoas estão aqui sofrendo com aquilo que você cobra na TV desse governo falido que só vem na favela tira vidas.”.
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Além do terrorismo nos Complexos do Alemão e da Penha, uma operação ainda ocorre em Manguinhos, Flexal e Juramentinho, toda elas na zona norte do Rio.
Guerra contra o povo
Não é por coincidência que a atual operação ocorre exatamente um ano após a Chacina da Vila Cruzeiro, em 24/05, que ceifou a vida de 22 jovens e uma trabalhadora. O governo assassino e terrorista de Cláudio Castro (PL) busca, com essa operação, promover “choque de ordem” contra os jovens e massas trabalhadoras das favelas, que vivem nos bolsões de miséria da capital carioca. Trata-se de uma verdadeira guerra contra o povo, onde o velho Estado, incapaz de garantir o mínimo às massas, aplica o controle e cerco das massas, para que essas não reivindiquem seus direitos.
Uma semana atrás, no aniversário de dois anos da Chacina do Jacarezinho, a maior da história do Rio, que vitimou 29 jovens, uma mega-operação de cinco dias também foi promovida no Jacarezinho, que já se encontra ocupado militarmente duas vezes, pelas Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) e pelo programa “Cidade Integrada”. Nessa operação, que ocorreu em pleno dia das mães, dois jovens foram mortos. Os moradores denunciam que a operação teve como objetivo a intimidação contra os familiares e moradores afetados pela Chacina do Jacarezinho, ocorrida em 06/05 do ano de 2021, e que desde então se organizam e mobilizam para denunciar os crimes do velho Estado.
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