RS: Latifundiários ameaçam camponeses em luta pela terra

Mesmo com a propriedade já estando nas mãos do Instituto Nacional para Colonização e Reforma Agrária (Incra), os latifundiários da região cercaram o acampamento camponês com a falsa alegação de que a propriedade era sua.

RS: Latifundiários ameaçam camponeses em luta pela terra

Mesmo com a propriedade já estando nas mãos do Instituto Nacional para Colonização e Reforma Agrária (Incra), os latifundiários da região cercaram o acampamento camponês com a falsa alegação de que a propriedade era sua.
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Latifundiários cercaram um acampamento de camponeses em luta pela terra no município de Hulha Negra, na fronteira Sul do Rio Grande do Sul. O acampamento conta com 70 famílias organizadas pelo MST e está localizado em frente a uma propriedade destinada à reforma agrária. Mesmo com a propriedade já estando nas mãos do Instituto Nacional para Colonização e Reforma Agrária (Incra), os latifundiários da região cercaram o acampamento camponês com a falsa alegação de que a propriedade era sua. Os latifundiários contaram com apoio da grande imprensa alinhada ao latifúndio e da Brigada Militar, que aumentaram o contingente na região com a justificativa de “manter a paz”.

Além do uso das forças policiais e as vigílias dos latifundiários em torno do acampamento, o sinal verde para desencadear violência contra os camponeses foi dado por representantes do latifúndio no governo. O deputado estadual Capitão Martim disse: “Estou totalmente à disposição para defender nossas terras. Frente a qualquer invasão, é fundamental unir forças para proteger o agronegócio, que enfrenta desafios sem precedentes”. O vice-presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Paulo Ricardo Dias, disse à revista Veja que: “Se houver invasão, nós vamos reagir, estamos lá para garantir o direito de propriedade”.

Os latifundiários de Hulha Negra e região temem que a conquista das terras pelos camponeses organizados funcione como exemplo e desencadeie mais ocupações na cidade. Em outro acampamento às margens da BR-293, mais de 850 famílias organizadas pelo MST estão acampadas. Neste acampamento, a terra pertence a um assentado que cedeu as terras às famílias.

O terreno de 443 hectares era usada pelos donos para a reprodução de equinos, mas foi transferida ao Incra pela União em novembro de 2015. Desde então, sucessivos trâmites burocráticos fizeram a propriedade permanecer nas mãos dos antigos donos por quase nove anos. Em fevereiro, o Tribunal Regional de Porto Alegre estendeu o limite para a desocupação do local por mais 60 dias. A mobilização dos latifundiários agora em que o tempo para a desocupação está expirando mostra o descompromisso do velho Estado com a reforma agrária, que mobiliza efetivos policiais e todo o tipo de ataques contra as famílias acampadas.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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