Será que o PT vai punir seu vice-presidente ‘Quaquá’ por não votar pela prisão de Brazão?

De fato, não é um princípio do PT o combate estratégico aos grupos paramilitares. Porém, neste campo não pode haver meio-termo: combater os grupos paramilitares deve ser pressuposto de todo aquele que se diz de esquerda.

Será que o PT vai punir seu vice-presidente ‘Quaquá’ por não votar pela prisão de Brazão?

De fato, não é um princípio do PT o combate estratégico aos grupos paramilitares. Porém, neste campo não pode haver meio-termo: combater os grupos paramilitares deve ser pressuposto de todo aquele que se diz de esquerda.
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O vice-presidente do Partido dos Trabalhadores está entre os deputados que não votaram pela manutenção da prisão de Chiquinho Brazão, acusado de ser o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco. Mesmo com a possibilidade de votar de maneira remota, não o fez. Dessa forma, Washington “Quaquá” se absteve da votação e acabou por figurar ao lado de nomes da extrema-direita como Eduardo Pazuello, Bia Kicis e Nikolas Ferreira.

Não é a primeira vez que o vice-presidente do PT defendeu membros de grupos paramilitares do Rio de Janeiro. Em 2020, durante as eleições municipais, ele tentou emplacar a candidatura de um policial militar citado pela “CPI das milícias” como integrante da “Liga da Justiça”, principal grupo paramilitar da zona oeste do Rio de Janeiro. Defendendo seu pupilo, “Quaquá” foi à público criticar o que chamou de “linchamento midiático”, afirmando que não há mais nenhum inquérito policial contra ele: “Sendo portador de três ‘P’ amaldiçoados pela elite branca: preto, pobre e PM, não me admira que o linchamento ao sargento Beraldo exista, mesmo sem provas”. Em verdade, Washington “Quaquá” nunca afirmou com todas as letras que é “contra a milícia”.

Embora tenha sido prefeito de Maricá por dois mandatos, não é na administração do município carioca que “Quaquá” mais se destacou para o PT. Nas campanha eleitoral de 2022, ele foi chave na articulação política. Foi “Quaquá” quem apresentou Luiz Inácio, então candidato do PT, à família do prefeito de Belfort Roxo, Waguinho (tido como um dos principais líderes dos grupos paramilitares na região da Baixada). A campanha do PT chegou sem problemas na Baixada, e, em troca, a filha de Waguinho, Daniela Carneiro, foi alçada ao cargo de ministra do Turismo logo no segundo dia de governo.

Já no cargo de deputado federal, “Quaquá” fez questão de tirar foto com Eduardo Pazuello, que foi o ministro de Saúde de Jair Bolsonaro no momento mais crítico da pandemia de Covid-19. Na legenda da publicação, “Quaquá” deu sua interpretação de qual seria uma tarefa fundamental para o petismo: “quero ampliar o máximo possível a base daqueles que querem apoiar as políticas do governo, isolar os bolsonaristas radicais”, sem sofrer nenhuma sanção por parte da direção do PT.

Com sua visão abertamente pró-milícia, o desavergonhado Quaquá entra em choque com outros dirigentes nacionais e com os militantes do PT, como a própria irmã de Marielle Franco, Anielle, que anunciou sua filiação ao partido na última semana, em grande evento no Rio de Janeiro que contou com a presença de Luiz Inácio. A posição ocupada pela figura nefasta de Washington “Quaquá” é resultado dos princípios políticos estabelecidos pelo PT ao longo das quatro décadas que atuam no cenário político nacional – ou melhor, da falta deles.

Se ele jamais foi punido até hoje, isso se dá por conta dos benefícios que deu ao governo Luiz Inácio em termos de governabilidade, alcançando metas importantes em torno do pragmatismo político e da governabilidade – questões tidas como chaves no léxico petista.

De fato, não é um princípio do PT o combate estratégico aos grupos paramilitares. Porém, neste campo não pode haver meio-termo: combater os grupos paramilitares deve ser pressuposto de todo aquele que se diz de esquerda.

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