Marielle Franco
A pergunta não é mais “quem mandou matar Marielle”, e sim: por que as “autoridades” – inclusive da falsa esquerda, que cala e busca enterrar o caso – estão acobertando o mandante?
Bolsonaro não é citado em investigações do caso Marielle apesar de envolvimento com assassinos imediatos, suspeitos intermediários e supostos mandantes. Cenário de agitação da extrema-direita a nível nacional em 2018 também não é considerado por investigadores.
Lessa detalhou como toda a PM e Polícia Civil é envolvida em esquemas de corrupção, dentre eles destruição de provas e desaparecimento de inquéritos.
Após o assassinato de Marielle Franco, o crescimento dos grupos paramilitares no estado do Rio de Janeiro cresceu 40% (assim como cresceram os índices de tiroteios, megaoperações policiais, etc.), cresceram os crimes políticos pelo país, o número de grupos paramilitares atuando livremente e também o apelo por uma intervenção militar. Passados cinco anos, apontar menos de uma dúzia de responsáveis pífios.
De fato, não é um princípio do PT o combate estratégico aos grupos paramilitares. Porém, neste campo não pode haver meio-termo: combater os grupos paramilitares deve ser pressuposto de todo aquele que se diz de esquerda.
Chiquinho Brazão segue preso. Se não há dúvidas que Chiquinho Brazão é parte de toda essa relação entre extrema-direita e grupos paramilitares, também não pode haver titubeação em levantar suspeitas de que o rumo atual dos acontecimentos beneficiam precisamente a estes mesmos notáveis notáveis.
As investigações, ao contrário da fala infeliz do ministro de Luiz Inácio, não estão concluídas – pelo menos, não do ponto de vista científico e da verdade. Há muito a se aprofundar, se se quer comprovar a real motivação do crime.
Ocorreu na tarde de ontem, 27 de março, a sessão na Comissão de Constituição e Justiça na Câmara de Deputados que adiou a decisão se Chiquinho Brazão seguirá preso. Embora o relator tenha defendido a manutenção da prisão de Brazão, deputados de extrema-direita atuaram para o adiamento, mesmo sob protestos de deputados do PT e do Psol.
Segundo as informações que foram vazadas à imprensa, Ronnie Lessa entregou o nome de quem o contratou e o contexto dos encontros que teve antes e depois do crime.
Marielle foi vítima da velha democracia que, incapaz de aplacar o golpismo que germina desde suas entranhas, produziu o próprio bolsonarismo e amamentou a extrema-direita com décadas de apaziguamento e conciliação.