Carla Zambelli é acusada pela PGR por invasões ao sistema eletrônico do Judiciário

Os denunciados pela PGR Zambelli e Delgatti atuaram para questionar às urnas, tema que foi debatido por altos comandantes das Forças Armadas reacionárias.

Carla Zambelli é acusada pela PGR por invasões ao sistema eletrônico do Judiciário

Os denunciados pela PGR Zambelli e Delgatti atuaram para questionar às urnas, tema que foi debatido por altos comandantes das Forças Armadas reacionárias.
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A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi acusada, no dia de hoje, 23 de abril, pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de ser a “autora intelectual” do hacker Walter Delgatti e ter desempenhado “papel central” na invasão dos sistemas eletrônicos do Judiciário brasileiro. De acordo com a PGR, Zambelli “arregimentou” Delgatti com promessas de benefícios em troca dos serviços.

Tanto Zambelli quanto Delgatti foram denunciados por 10 crimes, sendo 7 relativos à invasão de dispositivo informático e 3 à falsidade ideológica. A PGR acrescenta na acusação a confissão de Delgatti sobre o crime.

“Walter Delgatti afirmou ter executado as invasões, por ordem de Carla Zambelli, explanando o modo pelo qual teve acesso ao sistema”, disse Paulo Gonet, procurador-geral da República. Ele também confirmou que o hacker Delgatti “asseverou ter tido acesso aos ‘códigos fonte do CNJ e que estava explorando a plataforma, a fim de encontrar vulnerabilidade que lhe desse acesso direto à INTRANET’”. Delgatti também confirmou que acessou a internet do CNJ e emitiu um mandado de prisão em nome do ministro Alexandre de Moraes e uma solicitação de quebra bancária de Moraes.

A ação de Delgatti tinha o intuito de gerar um ambiente de desmoralização no sistema Judiciário brasileiro que servisse aos objetivos específicos da extrema-direita bolsonarista. A ideia de Zambelli era, por meio da desmoralização pela invasão cibernética, criar um caldo político para a capitalização movida por Jair Bolsonaro na agitação golpista.

As primeiras invasões ocorreram ainda em novembro de 2022. Já em janeiro de 2023, Delgatti inseriu documentos falsos no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), como um mandado de prisão contra Alexandre de Moraes, assinado pelo próprio ministro. Segundo Delgatti, o mandado foi redigido por Zambelli, mas a parlamentar nega. 

A PGR esmiuçou ainda que os pagamentos de Delgatti foram feitos de forma intermediada, tudo para impedir acusações contra Zambelli. Um funcionário do gabinete da deputada, Jean Hernani, era quem operava o dinheiro do pagamento. Por meio da empresa de sua esposa, que prestava serviços para doze candidatos do PL, era feita a transferência ao hacker. 

De bolsonaristas a generais

O desdobramento é uma confirmação de que a extrema-direita realmente usou Delgatti para seus propósitos no final de 2022 e início de 2023. Esse não foi o único serviço pró-golpe prestado por Delgatti naquela época. 

No mesmo ano, Delgatti também foi acusado de ter se reunido com Jair Bolsonaro e com diferentes militares, como o então ministro da Defesa, general Paulo Sergio Nogueira, e com o coronel reservista Marcelo Jesus para atacar também as urnas eletrônicas. 

Bolsonaro e Nogueira foram acusados de ter recebido Delgatti pessoalmente, o primeiro no Palácio da Alvorada e o segundo na sede da pasta da Defesa. Os encontros faziam parte do mesmo plano de questionamento das urnas. Delgatti afirmou que se reuniu com Nogueira para discutir uma forma de hackear o código-fonte das urnas eletrônicas para comprovar a vulnerabilidade dos equipamentos

Já Marcelo Jesus era responsável por fazer a ponte entre Delgatti e o Alto Comando do Exército, segundo as informações que o hacker deu às investigações. Delgatti também já admitiu que fez tudo o que fez pela promessa de que Bolsonaro lhe daria indulto caso fosse reeleito.

Tudo isso são evidências claras que uma parcela dos militares do Alto Comando das Forças Armadas não somente conhecia os planos da extrema-direita, mas atuava junto com ela pela ruptura institucional, enquanto uma outra parte dos generais buscava evitar a ruptura, mantendo a tutela sobre o velho Estado, principalmente pela falta de apoio do imperialismo norte-americano (USA) para o rompimento.

Dessa forma, não só Delgatti e Zambelli merecem ser acusados, mas toda a súcia que tomou parte na trama. Até agora, não está claro se a PGR vai levar as investigações sobre o hacker para além de Delgatti, para entender e comprovar também o papel do cabecilha da extrema-direita, Jair Bolsonaro, e dos militares do Alto Comando das Forças Armadas, na articulação golpista.

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