172 dias

Cento e setenta e dois dias desde o início da agressão sionista à Faixa de Gaza. Mais de 31 mil palestinos assassinados, sendo mais de 13 mil crianças. Quase 75 mil feridos e mais de 1,7 milhão – 75% da população de Gaza – de desalojados, deslocados forçadamente e encurralados no sul.

172 dias

Cento e setenta e dois dias desde o início da agressão sionista à Faixa de Gaza. Mais de 31 mil palestinos assassinados, sendo mais de 13 mil crianças. Quase 75 mil feridos e mais de 1,7 milhão – 75% da população de Gaza – de desalojados, deslocados forçadamente e encurralados no sul.
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Cento e setenta e dois dias desde o início da agressão sionista à Faixa de Gaza. Mais de 31 mil palestinos assassinados, sendo mais de 13 mil crianças. Quase 75 mil feridos e mais de 1,7 milhão – 75% da população de Gaza – de desalojados, deslocados forçadamente e encurralados no sul do enclave. Os números, informados pelo Ministério da Saúde de Gaza, foram virulentamente questionados durante meses. Hoje, porém, nem mesmo os USA, o patrocinador, padrinho e patrono do Estado Sionista de Israel, é capaz de negar a realidade calamitosa à qual o povo palestino está sendo sujeito.

Entre as atrocidades cometidas pela entidade sionista, a mais recente é a segunda invasão do complexo hospitalar Al Shifa, o maior hospital em Gaza, localizado na região norte da Faixa. No último dia 18, as Forças de Ocupação de Israel deram início à sua segunda operação militar no complexo, cerca de cinco meses após a primeira operação. A justificativa, novamente, é de que combatentes do Hamas estariam utilizando o complexo como esconderijo e para realizar operações militares. Poucos dias antes daquela primeira operação, a “inteligência” sionista divulgou um vídeo de uma animação em 3D, na qual dizia haver o quartel general do Hamas em túneis abaixo do hospital. A evidência, ridícula por quaisquer padrões, provou-se exatamente como tal: não foram encontrados túneis, tampouco o “quartel general do Hamas” debaixo do hospital. O que foi encontrado após a operação criminosa por representantes da ONU e da Organização Mundial de Saúde (OMS), porém, foram valas comuns com mais de 80 corpos. Pacientes do hospital que faleceram por falta de oxigênio, combustível para geradores de eletricidade e antibióticos.

Desde o dia 18, a entidade sionista, com suas forças de ocupação, já assassinou mais de 140 palestinos no Hospital Al Shifa. O hospital está lotado de civis que se abrigaram lá após Israel seguir para o sul, e é o único hospital no norte de Gaza ainda em operação. Civis que já foram desalojados e obrigados a fugir anteriormente, como quase todos em Gaza hoje. Testemunhas relatam o pânico completo dentro do hospital, ouvindo disparos de tanques de guerra e metralhadoras. Equipes médicas e jornalistas foram despidos, vendados e algemados pelas forças invasoras, sequestrados e levados para Israel criminosamente, sem provas e evidências de serem combatentes. Evidências surgem cada vez mais de que prisioneiros vêm sendo torturados e sumariamente executados pelas forças sionistas.

Tudo isso vem ocorrendo, vale lembrar, no mês do Ramadã. O mês mais importante do calendário muçulmano, durante o qual os fiéis observam um jejum ritual durante as horas de sol, segundo um dos cinco pilares do islã. A importância religiosa deste mês é equivalente à importância do mês de dezembro para o cristianismo. Palestinos em Gaza estão sendo sujeitos à fome, usada por Israel como arma de guerra, e o Programa Alimentar Mundial (WFP) prevê que até julho o sul de Gaza entrará em estado de fome catastrófica (fase 5). Calcula-se que 88% da população encara situações emergenciais ou pior. De acordo com a WFP, seriam necessários 300 caminhões carregados de comida por dia para suprir as necessidades alimentares mais básicas. Mas os caminhões sequer conseguem entrar em Gaza, com civis israelenses bloqueando as entradas, bombardeios constantes aos pontos de travessia e a dificuldade de trafegar nos escombros da destruição perpetrada pela entidade sionista.

Neste contexto, há menos de 1 mês, em 29 de fevereiro, Israel perpetrou um dos maiores crimes contra a humanidade já testemunhados por câmeras, quando abriu fogo contra civis palestinos desarmados que desesperadamente se aglomeravam em torno dos caminhões carregando comida. 118 palestinos foram assassinados e mais de 750 ficaram feridos. Ainda mais recentemente, na semana passada, novamente a entidade sionista realizou dois ataques a civis em busca de alimentos: cinco foram assassinados em Rafah e seis na Cidade de Gaza, com ao menos 83 feridos. Não apenas Israel desaloja e desloca os civis, os bombardeia e metralha, os força a situações de fome extrema, como também assassinam brutalmente aqueles que se reúnem em busca de comida. Estes ataques, além do bloqueio de entrada de ajuda humanitária, levou a Human Rights Watch a concluir que Israel está, de fato, utilizando a fome como uma arma de guerra – mais um crime de guerra. Mas, de acordo com as palavras do próprio Benny Morris, um dos mais renomados historiadores israelenses, em um recente debate “esqueça as leias internacionais; ninguém se importa com as leis internacionais”. Morris essencialmente descreve o pensamento israelense diante dos órgãos internacionais: pouco importam, não irão forçar Israel a deter sua sede de sangue.

Enquanto Israel comete atrocidades e crimes de guerra no Hospital Al Shifa e em toda a Faixa de Gaza, o Secretário de Estado ianque, Antony Blinken alertou Israel para não agir em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. O primeiro-ministro da entidade sionista, Benjamin Netanyahu, pretende invadir a cidade onde mais de um milhão de palestinos se abrigam, a maioria deslocados do Norte, fugidos da sanha genocida sionista. Sem evidências nem provas, o facínora Netanyahu, sedento de sangue, afirma que um quarto dos combatentes do Hamas estão lá, e que seria impossível derrotar o Hamas e acabar a “guerra” – leia-se, genocídio – sem invadir Rafah. Afirma, afinal, que irá seguir adiante com os planos dessa invasão à cidade, com ou sem o apoio ianque. Netanyahu exige que a população civil de Rafah seja evacuada, em mais uma tentativa de limpeza étnica do povo palestino, querendo forçá-los para a Península do Sinai, no Egito, um velho sonho sionista. Como a criança mimada que é, Israel não ouve e não acata o “não”.

Não que os avisos de Antony Blinken signifiquem muita coisa. Filho do fundador da Warburg Pincus, uma firma de investimentos em capital privado que investe pesado em companhias de tecnologia israelenses, e neto de Maurice Blinken, um dos primeiros e mais importantes lobistas por Israel nos USA, antes da fundação do Estado Sionista. Maurice Blinken fundou a American Palestine Institute, uma corporação fundada com o único propósito de “pesquisar as potencialidades econômicas da Palestina e do Oriente Médio”. Atualmente, Antony Blinken é Secretário de Estado dos USA, e é fundador da WestExec Advisors. A firma de “consultoria estratégica” (um nome menos tabu que lobby, mas que significa a mesma coisa) possui diversos membros no gabinete de governo de Joseph Biden, para além do Secretário de Estado Antony Blinken, ou trabalharam para o governo Biden em algum momento.

Antony Blinken, este lobista de pedigree com máscara de diplomata democrata, faz suas turnês pelo Oriente Médio para conversar com os líderes árabes – que abandonaram o povo palestino à sua própria sorte – sem resolver nada. Participa de coletivas de imprensa onde divulga falsidades já comprovadas sobre as ações dos grupos militantes palestinos em 7 de outubro. Emite seus avisos e alertas com plena consciência de que Israel não os acatará. É o velho “slap on the wrist” da língua inglesa, um “tapa na mão” que objetiva somente criar a ilusão ao público de que o governo Democrata ianque, cúmplice de genocídio, está “fazendo seu melhor”. Visa preservar a imagem desta gerência diante das eleições que virão em novembro deste ano, enquanto o primeiro genocídio televisionado, comentado ao vivo e gravado na íntegra da história completará um ano.

Desde os anos de 1980, os USA utilizaram o conceito de “rogue State”, ou “Estado vilão”, para designar nações que não se conformam com as diretrizes de seu imperialismo. Seriam nações que posam “riscos à paz mundial”. Dentre os países que receberam tal alcunha estão Cuba após sua revolução, a Líbia na era Gaddafi, o Iraque de Sadam Hussein, a Venezuela de Maduro, e a Coreia do Norte e a China atuais. É chegada a hora de todos os democratas e revolucionários do mundo terem a plena consciência de que os maiores “Estados vilões” da história são exatamente aquele que cunhou o termo e seu principal aliado no Oriente Médio: os USA e Israel, respectivamente.

Cento de setenta e dois dias e setenta e seis anos.

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