Ato Político reúne 300 pessoas em condenação ao golpismo e contra política de apaziguamento

Ao longo de toda próxima semana, o AND irá publicar a íntegra das entrevistas, imagens do evento e também vídeos dos melhores momentos do Ato Político, que foi marcado pela denúncia contundente à extrema-direita e aos militares e pela defesa das liberdades democráticas e da luta popular.

Ato Político reúne 300 pessoas em condenação ao golpismo e contra política de apaziguamento

Ao longo de toda próxima semana, o AND irá publicar a íntegra das entrevistas, imagens do evento e também vídeos dos melhores momentos do Ato Político, que foi marcado pela denúncia contundente à extrema-direita e aos militares e pela defesa das liberdades democráticas e da luta popular.
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Mais de 300 pessoas presenciaram o contundente ato Ato Político Nem esquecer, nem apaziguar: condenar o golpe militar ontem e hoje!, realizado pelo AND no dia 25 de abril, no Salão Nobre do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ. No YouTube, por transmissão simultânea, centenas de pessoas assistiram, somando mais de 1 mil visualizações. O Ato remarcou a condenação aos golpistas e criminosos de guerra de 1964 e do regime militar que se seguiu, e demarcou contra a política de apaziguamento, exigindo a imediata reinstalação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos do regime militar.

O diretor-geral e editor-chefe de AND, Victor C. Bellizia, sintetizou assim o Ato: “Este ato não é apenas uma contundente resposta ao golpismo. É isto também, porém é mais. Pensamos que aqui se demarca um campo político daqueles que se unificam na ideia de que é preciso barrar o crescimento e a ação da extrema-direita e do intervencionismo dos altos oficiais das Forças Armadas na vida política nacional através da mobilização popular”.

Ao longo de todo o evento, foram recolhidas dezenas de assinaturas de movimentos, entidades e personalidades presentes para a Moção Política Pela Reabertura da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos do regime militar!

Mesas discutiram o golpismo ontem e hoje

A primeira mesa Os crimes e a impunidade do regime militar, presidida pela presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo) Maria de Fátima Siliansky, trouxe depoimentos dos familiares de desaparecidos políticos durante o regime militar. Estiveram presentes Sônia Maria Haas (irmã de João Carlos Haas Sobrinho), Léo Alves (neto de Mário Alves), além de importantes denúncias da atuação dos altos oficiais militares com Ana Paula Goulart (jornalista e professora da UFRJ), Joana D’arc (professora da UFF e representante do grupo Tortura Nunca Mais – RJ) e, por vídeo, a participação do João Carvalho (historiador e membro do Conselho Editorial do AND). O Sindicato dos Trabalhadores da Construção de BH (STIC-BH/Marreta) e a Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia fizeram exposições sobre a luta popular conduzida pelos movimentos populares nos anos do regime.

Mesa 1: “Os crimes e a impunidade do regime militar”

A segunda mesa Situação política, o golpe e a tutela militar hoje tratou da necessidade de denunciar os crimes dos militares golpistas no País nos dias de hoje. Participaram Vladimir Safatle (professor da USP, por vídeo), Pedro Marín (editor-chefe da Revista Opera), Tatiana Merlino (importante jornalista e sobrinha de Luiz Eduardo Merlino, assassinado durante o regime), Ana Paula Oliveira (representando o movimento Mães de Manguinhos) e a Comissão Nacional da Liga dos Camponeses Pobres. Siro Darlan (ex-desembargador e integrante do Conselho Editorial de AND) esteve acometido por uma doença e, por isso, não pode estar presente.

Victor C. Bellizia foi responsável por presidir a segunda mesa. Em sua fala de abertura, destacou que além de ser uma dura resposta aos 60 anos do golpe militar de 1964, o Ato Político é também “a demarcação de um campo político daqueles que entendem que é preciso fazer uma barreira à ameaça que representa a extrema-direita e o golpismo hoje no País”. Ele afirmou que, na situação atual, “é necessário dar uma resposta séria através da mobilização dos estudantes, trabalhadores, camponeses, de todas as massas populares, para efetivamente impor uma resistência à ofensiva contrarrevolucionária movida pela extrema-direita, que até pouco tempo ocupava a presidência da republica, e também ao intervencionismo abjeto e escandaloso do Alto Comando das Forças Armadas sobre a política nacional”.

“Aqui se demarca um campo político daqueles que se unificam na ideia de que é preciso barrar o crescimento e a ação da extrema-direita e do intervencionismo dos altos oficiais das Forças Armadas na vida política nacional através da mobilização popular”, disse Victor.

Destacando os episódios de novembro de 2022, de 8 de janeiro de 2023, além do intervencionismo dos altos oficiais militares a partir de 2015, o diretor-geral de AND afirmou que é preciso reconhecer que “a chamada redemocratização de 1988 foi absolutamente incapaz de enterrar o golpismo, que na história do país é norma, como comprovam os seis golpes militares desde a ‘proclamação da república’, como comprova a atribuição dada às Forças Armadas em todas as constituições de ‘restaurar a ordem interna’, pressupondo que a desordem interna é o ‘povo’”. O diretor-geral do AND criticou o consenso das classes dominantes ao fim do regime responsável por não fazer o necessário acerto de contas com os torturadores e golpistas de 1964, defendendo que isso é “responsável por reproduzir, nos dias de hoje, tanto o golpismo como os dispositivos presentes durante o regime, que são as forças policiais responsáveis ainda hoje pelo massacre do povo nas favelas e periferias do País”. Encerrando, destacou que é preciso defender as liberdades democráticas como condição de levantar as massas populares no objetivo de impor uma barreira contra o golpismo.

Programa A Propósito entrevistou convidados

Após o encerramento do Ato Político, o programa A Propósito entrevistou Tatiana Merlino, Sônia Haas e Léo Alves.

“A gente sai com um espírito renovado de luta”, afirmou Tatiana Merlino, sobretudo após a fala de Luiz Inácio de que não considera necessário ‘remoer o passado’: “Foi uma ofensa muito grande para os familiares de mortos e desaparecidos e pra toda a sociedade brasileira”. Ela também destacou a presença de diferentes setores da sociedade que se uniram com o compromisso de elevar a luta pela punição dos golpistas de ontem e hoje: “A Moção Política é uma espécie de aglutinação de vários setores da sociedade que se colocam com um posicionamento, negando essa conciliação, esse apaziguamento com esse esquecimento”.

“Não é só a nossa causa que está numa luta por respostas, verdade, memória e justiça. São várias lutas que o Brasil precisa olhar, precisa se debruçar. O Estado brasileiro tem dívidas, não só conosco, mas com outros segmentos”, denunciou Sônia Haas. Ela destacou a Moção Política, afirmando que se faz urgente a ampla mobilização no objetivo de não deixar com que a memória das vítimas do regime militar caia no esquecimento. Para Sônia, é fundamental a incorporação de uma nova geração de ativistas na luta pela condenação dos crimes cometidos durante o regime militar, expressa também no Ato Político.

“O projeto da ditadura que produz fome e assalto aos direitos mais elementares, tem sido um projeto vitorioso”, afirmou Léo Alves. Ele destacou o Ato Político foi importante por representar diferentes setores da sociedade brasileira comprometidos em condenar os crimes durante o regime militar, que é uma pauta ainda importante hoje. Léo conclui afirmando que é uma vitória que a bandeira da punição aos golpistas de ontem e hoje esteja sendo levantada nos momentos atuais.

Um Ato à altura do momento político

O Ato Político contou com uma grande estrutura de organização através de toda equipe do AND e apoiadores. Com preocupação pela segurança, a organização do Ato tomou todas as providências para o efetivo bem-estar dos presentes.

Houve uma recepção especial para os convidados, muitos vindos de outras cidades do Brasil. Uma estrutura para a transmissão do evento diretamente do IFCS foi montada pelo Departamento de Jornalismo de AND, que, mesmo enfrentando problemas estruturais da universidade pública fruto de décadas de sucateamento, montou uma transmissão em dois ambientes. Ao fim, foram realizados tanto a cobertura da íntegra do evento, como também colhidos depoimentos de alguns dos presentes no Ato Político. A coberta na íntegra está disponível no canal do AND no YouTube.

Ao longo da próxima semana, o AND publicará a íntegra das entrevistas, imagens do evento e também vídeos dos melhores momentos do Ato Político.

Confira aqui a Moção Política do Ato.

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