Carlota Tello, forja do Presidente Gonzalo e exemplar combatente maoista

Carlota Tello, forja do Presidente Gonzalo e exemplar combatente maoista

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Camarada Carla. Foto: Reprodução

Carlota Tello Cuti, militante do Partido Comunista do Peru (PCP) e combatente do Exército Guerrilheiro Popular (EGP), soldado vermelho do Presidente Gonzalo, foi um exemplo de dar a vida pelo Partido e à Revolução. Ela nasceu em 1960, provavelmente em Cahua, na província de Angaraes, sendo de uma humilde família camponesa. Carlota foi considerada filha bastarda: seu pai, Vicente Tello, jamais a reconheceu como filha; pouco se soube sobre sua mãe e a relação entre elas. 

O certo é que Carlota teve uma infância pobre, e antes dos 13 anos se mudou para a cidade de Huamanga para servir de empregada doméstica para famílias ricas em troca de casa e comida – um regime de servidão muito comum em diversos países de capitalismo burocrático. 

Em Huamanga, fez seu ensino secundário no colégio “Mariscal Cáceres” e lá conheceu a Fração Vermelha do Partido Comunista do Peru (PCP). O PCP, em meio ao processo de reconstituição, tinha nesse colégio uma considerável base de ativistas entre estudantes e docentes. Carlota, provavelmente, integrou ali o PCP, e teve participação bastante ativa na greve magisterial de 1978. 

CARLOTA TELLO SE TORNA CAMARADA CARLA

Em 1980, quando o PCP e o Presidente Gonzalo – chefatura do PCP e da Revolução Peruana – decidem iniciar a Guerra Popular no Peru, Carlota contava com apenas 20 anos e assumiu de forma heroica esse desafio de ser uma das iniciadoras. 

A recém-batizada “Camarada Carla” participou de inúmeras ações na região de Ayacucho – ações, dentre as quais uma é muito bem retratada no livro Um dos Primeiros…, publicado  pela editora Seara Vermelha.

A Camarada Carla desempenhava um papel importante no Comitê Zonal em Huamanga, quando foi presa no distrito de Pacaycasa e encarcerada na penitenciaria de Huamanga, onde também estava detida Edith Lagos. Não ficou lá por muito tempo: em 3 de maio de 1982, ambas, juntamente com os demais prisioneiros de guerra revolucionários, são libertadas em uma ação militar magistral do PCP e do EGP.

Após ser libertada, Carla continuou atuando ativamente na Guerra Popular, assumindo a responsabilidade pelo trabalho camponês nas províncias de Huanta e Huamanga. Atua, sempre ativamente, na construção do Novo Poder e da República Popular de Nova Democracia, sendo combatente de uma das colunas guerrilheiras do EGP que confrontou-se com as tropas do general Clemente Noel – verdugo genocida culpado de centenas de assassinatos dos melhores filhos do povo peruano e criador de diversos centros de tortura clandestinos da reação por todo o Peru, onde se torturava, matava e sumia com os corpos impunemente. A Camarada Carla e outros militantes do PCP e combatentes do EGP empreendem feroz resistência, nestes primeiros anos da guerra revolucionária, que foram os mais difíceis até então, e logram impedir que a reação aniquile o processo recém-nascido – o que, por si só, foi uma grande vitória. 

DELAÇÃO, PRISÃO, TORTURA E ASSASSINATO 

Camarada Carla. Foto: Reprodução

Era tarde de 14 de novembro de 1984: ocorria uma reunião do Comitê Zonal de Ayacucho em Pangora (província de Huamanga), e ela foi violentamente interrompida. Um traidor delatou a reunião, onde se encontravam 13 comunistas pegos de surpresa. Ali foram executados sumariamente seis camaradas de Carla, e outros sete foram presos, dentre os quais estava ela.

Na noite do mesmo dia, a Camarada Carla e os outros foram conduzidos ao quartel Los Cabitos, e próximo desse quartel se encontrava uma vivenda de nome “Casa Rosada”, onde funcionava um centro de tortura da repressão. 

Na “Casa Rosada”, o major Jorge Contreras organizou as sessões de tortura que duraram cerca de quatro dias. Os homens eram torturados e as mulheres – que não eram poucas dentro do PCP –, além da tortura, eram sexualmente abusadas pelos algozes. 

Carlota, por quatro dias, foi torturada e violada, mas nada revelou aos seus torturadores; manteve comportamento exemplar e guardou sempre a “Regra de Ouro” – jamais delatar. Quando lhe pediram para que colaborasse depois de tudo que sofrera, não estremeceu nem acovardou-se; sua resposta estalou como chicote: “Não lhes tenho medo, e morrer é parte da luta”. Não delatou nenhum dos seus companheiros. Mesmo em condições tão desiguais, enfrentava os torturadores e respondia seus xingamentos: “Vocês não são cidadãos, nem políticos. Só são militares. Cachorros guardiões do sistema”. Sabendo que seria assassinada, respondeu aos verdugos: “Eu já estou morta, mas o Partido nunca vai morrer. Quando eu estiver morta, o partido vai lhe aniquilará. Ademais, morrerei sabendo que venceremos. Em vez disso, você vai morrer sem saber o motivo. Todas as revoluções triunfaram em seu momento: a francesa, a russa, a chinesa. Assim ocorrerá no Peru”

No quarto dia, Carlota e seus companheiros foram levados de capuz para as fossas comuns feitas no próprio quartel e assassinados com tiros na cabeça. Um ano depois, o governo de Alan Garcia mandaria que desenterrassem os corpos e os queimassem. Estimativas apontam que cerca de 500 militantes do PCP, combatentes do EGP e simpatizantes do partido foram torturados e executados na chamada “Casa Rosada”. 

Quatro anos depois da morte da Camarada Carla, em 1988, uma coluna do Exército reacionário peruano atacou a Base de Apoio de Cutcsa, departamento de Huamanga, em Ayacucho, massacrando treze pessoas, dentre as quais sete eram familiares de Carlota Tello – tios, primos e irmãos. Um dos seus parentes conseguiu fugir, mas foi sequestrado e desaparecido. 

A imprensa marrom a serviço dos terratenentes (latifundiários) e da grande burguesia peruana, na sua sanha anticomunista, tentou jogar um monte de lixo sob o túmulo de Carlota. Disseram que ela era “cruel”, “má”, “violenta”, mas nada pode apagar o que ela, de fato, foi: uma heroína do PCP, da Revolução Peruana e da Revolução Proletária Mundial, uma mulher jovem combatente que deu sua vida pela causa da Revolução; jamais capitulou mesmo frente às piores torturas e nunca negou o maoísmo, o pensamento gonzalo, a chefatura do Presidente Gonzalo e nem nunca jamais a linha da Guerra Popular, mantendo-se fiel a tudo isso até o último de seus suspiros.

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