Congresso busca aumentar verba de emendas parlamentares, mostrando quem manda de fato no governo

Novas medidas do Congresso devem estreitar margem de manobra do governo.

Congresso busca aumentar verba de emendas parlamentares, mostrando quem manda de fato no governo

Novas medidas do Congresso devem estreitar margem de manobra do governo.
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Com a aproximação do ano de 2024 e as negociações em torno do futuro orçamento, o centrão aumentou a pressão sobre o governo ao acrescentar na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) o parecer de um cronograma para o pagamento obrigatório de emendas parlamentares pelo Executivo. O relator da LDO, Danilo Forte (União/CE), também planeja tirar dinheiro do Programa de Aceleração e Crescimento (PAC) para destinar ao fundo eleitoral. Ao mesmo tempo, Arthur Lira (PP/AL) e outros parlamentares pressionam para elevar o valor das emendas parlamentares para R$ 46 bilhões em 2024 e tornar o pagamento das emendas das comissões obrigatório.

Sem margem de manobra

A proposta de Danilo Forte é incluir prazos para a liberação das emendas parlamentares individuais e de bancadas estaduais, o que alteraria o atual quadro em que o ritmo do pagamento dos recursos é ditado pelo Executivo. 

O formato atual é favorável ao governo no Planalto, uma vez que permite ao governo usar o seu poder sobre a liberação das emendas para manter a velha política de troca de favores, também chamada de “toma lá, dá cá”. Foi assim que Luiz Inácio garantiu a implementação do arcabouço fiscal, aprovado em troca da liberação de R$ 11,8 bilhões em emendas parlamentares em um único mês. Se os novos planos do Congresso forem aprovados, o governo perderá essa já estreita margem de manobra e será obrigado, em 2024, a abrir mão de setores cada vez mais estratégicos para aprovar as medidas que deseja encaminhar.

Aumento para o centrão

Não bastasse isso, o centrão ainda planeja arrancar do governo um aumento para as emendas parlamentares. Segundo o plano dos sanguessugas do Congresso, as emendas individuais devem subir para o montante de R$ 69,6 milhões para cada senador e R$ 37,8 milhões para cada deputado, um aumento de 18% em relação ao ano de 2023 e que levariam o valor total das emendas individuais para R$ 25,1 bilhões Já no caso das emendas de bancadas, a ideia é subir de R$ 7,7 bilhões para R$ 12,5 bilhões, um aumento de 62,3%. 

Por fim, as emendas das comissões, estimadas para o valor de R$ 11 bilhões para 2024, devem tornar-se obrigatórias. Atualmente, o governo só é obrigado a pagar as emendas individuais e de bancadas. 

O que mais será entregue?

Em um ano de governo, Luiz Inácio e sua equipe já tiveram que abrir mão de ao menos dois ministérios e de órgãos como a Caixa Econômica Federal (responsável por programas vitrines do governo como o Minha Casa, Minha Vida) para não serem engolidos e defenestrados pelo congresso. As negociações não foram capazes de garantir tudo que o governo queria. O marco temporal foi aprovado na Câmara e no Senado com ampla maioria, inclusive pela base governista, e o veto de Luiz Inácio à medida será revisto pelos parlamentares no dia 23 de novembro, com grandes chances de ser derrubado. 

Restam ainda três anos para o novo governo, e não há dúvidas de que mais portas serão abertas para o centrão em troca da tão perseguida “governabilidade”. O questionamento é até que ponto as massas populares vão aturar o mandonismo do congresso e a entrega das grandes fatias do orçamento e dos serviços mais caros aos seus interesses para os bandidos do centrão, antes de levantaram-se em uma nova onda de revoltas em defesa dos direitos pechinchados. 

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