Contrariando os camponeses que exigiram a demissão do primo de Arthur Lira (PP-AL) da Superintendência do Incra de Alagoas, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou hoje que aceitará a nova indicação do presidente da Câmara dos Deputados para o órgão. O antigo superintendente era César Lira, mas foi demitido no dia 17/4 após exigências dos camponeses da região durante as manifestações do Abril Vermelho.
A indicação de Lira chegou a Teixeira por meio do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Com a movimentação, Teixeira considera o caso encerrado. “Está superado porque o próprio presidente Lira já enviou uma proposta de nome para substituí-lo. Foi dialogado”, disse Teixeira.
Antes do acordo, a troca de nomes foi motivo de polêmica. Inicialmente, Lira ficou irritado com a substituição, enquanto Teixeira afirmou que já tinha informado Lira sobre a decisão de exonerar César.
Ainda não se sabe, contudo, como os camponeses da região vão reagir. A expulsão de César Lira foi exigida depois de anos de conflitos dos camponeses com o então superintendente. Segundo informações reveladas pelo jornalista Alceu Castilho, fundador e editor-chefe do “De Olho nos Ruralistas”, em entrevista ao TVGGN 20h, César era conhecido por ameaçar constantemente o MST.
A nova indicação de Lira acatada pelo governo deve manter a mesma linha. O dossiê “Arthur, o Fazendeiro”, do mesmo De Olho nos Ruralistas, revelou as relações profundas de Lira com o latifúndio. Agora mesmo, ele está encaminhando na Câmara dos Deputados projetos de lei que visam fortalecer a repressão aos camponeses em luta. O PL 895/2023 busca impôr diversas sanções a camponeses que participarem de ocupações, enquanto o PL 8.262/2017 permite que latifundiários acionem a PM contra camponeses acampados mesmo sem determinação judicial.
Ainda não se sabe o novo nome que tomará posse na Superintendência. Mas é certo que um reacionário será trocado por outro. Em última instância, portanto, as exigências dos camponeses foram deliberadamente ignoradas. Ao que tudo indica, a prioridade do governo foi acatar os desejos de Lira para não piorar a crise institucional em andamento, sacrificando assim as exigências populares.
