No dia 17 de abril, professores aprovaram greve em assembleia massiva convocada pela Associação de Docentes da Universidade Federal de Pernambuco (Adufepe). Os professores agitaram pela greve e rechaçaram as posições das forças políticas que tentaram impedir a paralisação. A greve docente se soma à greve dos técnicos-administrativos, que continua firme após um mês de sua deflagração.
Professores deflagram greve apesar da diretoria
A assembleia da Associação de Docentes da Universidade Federal de Pernambuco começou às 10h30, com participação massiva de professores e apoiadores do Sindicato de Trabalhadores das Universidades Federais de Pernambuco (SINTUFEPE), de professores do IFPE, e do movimento estudantil, como o Coletivo Mangue Vermelho e o Movimento Ventania, que chegaram em manifestação gritando palavras de ordem como A nossa luta unificou, é estudante junto com trabalhador.
Logo no início da assembleia, professores contestaram o formato da votação, imposto para ser totalmente online. A direção do sindicato, ligada ao PCdoB, pagou R$ 16,5 mil reais para uma empresa terceirizada realizar a votação virtual, sem debate ou declaração de voto. Deste modo, como denunciam os professores, até docentes que estão afastados e não-sindicalizados poderiam votar.
Ao mesmo tempo, alguns professores não foram incluídos na votação, pois a reitoria do PCdoB foi a responsável em enviar a lista dos docentes que poderiam votar e excluíram os professores recém contratados. Por causa disso, uma docente da mesa propôs o adiamento da assembleia, afirmando que só era possível adotar outro método de votação se convocado anteriormente pela diretoria.
Reagindo à tentativa de impedir a votação da greve, os professores em assembleia vaiaram diversas vezes a diretoria, e se uniram aos estudantes nas consignas de Para barrar a precarização, greve geral na educação!, além de gritos como Assembleia soberana! e Votação!.
O rechaço à diretoria foi tão grande que a integrante que propôs o adiamento da assembleia se retirou da mesa após professores democráticos questionarem a sua capacidade de mediação, e a direção se viu forçada a adotar dos métodos mais antidemocráticos, como abrir um recesso de 30 minutos e cortar os microfones para impedir o debate e desmobilizar a assembleia.
Nem mesmo essa manobra parou o debate por parte dos professores e o apoio estudantil e técnico, que organizaram debates durante o recesso, efetivamente continuando a assembleia sem a direção nestes 30 minutos. Os professores conseguiram contornar o corte de microfone após receberem um megafone pelos estudantes do Mangue Vermelho, que foi usado por professores, técnicos e estudantes não só da UFPE, como do IFPE, para prestar apoio à greve docente.
Logo após a volta do recesso e a disponibilização do microfone mais uma vez, um estudante convidou todos os professores para a assembleia estudantil que haveria mais tarde para debater a greve estudantil.
Apesar de todo o esforço do PCdoB de impedir a passagem da greve, e mesmo com todas as falhas intencionais do sistema de votação, a greve dos docentes foi aprovada. A direção foi completamente desmoralizada pelos professores, aos gritos de Chora pelego, pelegada chora, chora pelegada, que chegou a sua hora. Os docentes conseguiram, então, marcar sua posição democrática contra o oportunismo, determinaram a criação de um comando de greve, que teve reunião dia 18/04, e um comando unificado de greve entre os técnicos e docentes. A greve terá início no dia 22/04.