Congo: 50 pessoas assassinadas em protesto contra missão da ONU comandada por general brasileiro

No dia 30/08, um protesto contra a ONU ocorreu em Goma, na República Democrática do Congo, que resultou em 48 pessoas assassinadas, e, de acordo com as autoridades, outras 75 feridas e 168 presas.

Congo: 50 pessoas assassinadas em protesto contra missão da ONU comandada por general brasileiro

No dia 30/08, um protesto contra a ONU ocorreu em Goma, na República Democrática do Congo, que resultou em 48 pessoas assassinadas, e, de acordo com as autoridades, outras 75 feridas e 168 presas.
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Reproduzimos, abaixo, uma matéria do portal de notícias The Red Herald (“O Arauto Vermelho”) sobre o massacre de 50 pessoas durante um protesto contra a missão da ONU no Congo

Nota de AND: A Monusco tem participação central de generais do Exército reacionário brasileiro em seu comando. Atualmente, a missão é comandada pelo general do Exército, Ricardo Augusto Costa Neves. Antes de Ricardo, a missão foi comandada entre maio de 2018 e outubro de 2019 pelo general Elias Rodrigues Martins Filho. Já entre abril de 2013 e dezembro de 2016, o responsável pelo comando foi o general Carlos Alberto dos Santos Cruz. Santos Cruz comandou também a “Missão de Paz” no Haiti entre 2007 e 2009.

No dia 30 de agosto, um protesto contra a Organização das Nações Unidas (ONU) ocorreu em Goma, na República Democrática do Congo, que resultou em 48 pessoas assassinadas, e, de acordo com as autoridades, outras 75 feridas e 168 presas. Um policial também morreu durante os protestos ao ser cercado por uma multidão. O protesto foi direcionado contra uma base militar da ONU instalada no país e foi declarado ilegal pelas autoridades. Quando as massas chegaram ao local, as forças de repressão do Estado já estavam prontas para impedir a sua entrada.

A manifestação foi especificamente contra a “Missão de Paz” da ONU (Monusco). Os manifestantes, que se declaravam anti-imperialistas, exigiam o fim da missão e a retirada da ONU e de outras forças do Leste de África, denunciando a inação dessas forças perante as inseguranças do país. Essa missão tem se dado de forma ininterrupta no país africano desde 1999. “Auxiliaram” nessa missão países como USA, Bélgica, França, China e França, países imperialistas com claro interesse econômico no país africano.

Não é coincidência que dentre os 16 mil soldados que são parte da MONUSCO, a maior parte deles se concentram em áreas ricas em mineração. O Congo é um dos países com as maiores reservas de cobalto, lítio, cobre, estanho, magnésio, tungstênio, diamante e ouro. Esses minérios são muito importantes aos países imperialistas dada a sua utilidade nas indústrias aeronáuticas, farmacêuticas e eletrônicas em geral. Entretanto, as condições que o povo congolês enfrenta na extração desses minérios é a de semiescravidão, além de ser um trabalho de alto risco de morte entre adultos e até crianças, já que a mão de obra infantil é generalizada nesse tipo de trabalho.

Países imperialistas, como a China ou o USA têm grande interesse na continuidade dessas “missões de paz” da ONU, dado que converge com seus interesses. A China, por exemplo, possui grandes acordos comerciais desde 2008 com um investimento de 2,740 milhões de dólares para projetos de infraestrutura, verba que liberam para a fim de desenvolver a infraestrutura do transporte de minérios brutos pelo continente. Em troca, recebem mais de 6,200 milhões de dólares em minerais no total.

Contudo, apesar da China estar estrategicamente avançando posições na África, o principal domínio segue sendo o da superpotência hegemônica única, o imperialismo ianque e seus aliados, como a França. Há tanta dominação que o próprio USA quem impôs sanções a seis pessoas por “desestabilização da área” no Congo. Três dessas pessoas pertenciam a milícias das Forças Democráticas de Libertação da Ruanda, que também atuam no Congo. E outra pessoa pertencia às forças de libertação nacional do Movimento 23 de Março, que atua na região de Kivu do Norte, área rica em minérios.

Não é a primeira vez que uma situação parecida ocorre. Em 2018, dois agentes da ONU estavam em uma missão de investigação em uma área onde morreram autoridades, e os agentes prenderam centenas de pessoas. Anos depois, em 2022, 51 pessoas foram sentenciados a pena de morte. 22 desses sentenciados estiveram ausentes no julgamento massivo.

Leia também: Congo: Resistência Nacional aniquila três militares da ONU comandados por general brasileiro

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