DF: PM invade aldeia Ahain Aam e ameaça derrubar moradias de indígenas

PM-DF invadiu a aldeia indígena Ahain Aam no dia 29/02 e ameaçou derrubar as casas dos moradores. Os ataques vêm desde a semana passada e uma casa já foi derrubada.

DF: PM invade aldeia Ahain Aam e ameaça derrubar moradias de indígenas

PM-DF invadiu a aldeia indígena Ahain Aam no dia 29/02 e ameaçou derrubar as casas dos moradores. Os ataques vêm desde a semana passada e uma casa já foi derrubada.
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A Polícia Militar (PM), a mando do Governo do Distrito Federal (GDF), invadiu a aldeia indígena Ahain Aam, localizada no Paranoá, no último dia 29 de fevereiro. Os PMs ameaçam derrubar as casas dos indígenas nos próximos dias.

A invasão foi feita em conjunto com a Funai, o MPI, e a Terracap, com a “justificativa” de que haviam recebido uma denuncia de que não havia ninguém morando nas terras, que queriam conferir se havia casas lá, e se os moradores realmente eram indígenas. O tom foi logo mudado no curso da ação, com as promessas finais de derrubada das casas.

Os PMs tentaram emplacar ainda uma negociação em torno de uma retirada sem confrontos. Nela, todas as construções, exceto uma das casas, seriam derrubadas pelo governo e os moradores seriam forçados a abandonar a área. Outras instalações seriam confiscadas por tempo indeterminado e levadas para um suposto depósito.

Os indígenas contestaram a decisão absurda. “A gente mora aqui. Eu vou entregar o que eu tenho e onde é que eu vou dormir?”, questiona uma das lideranças aos representantes do governo. Em vídeo veiculado nas redes sociais, é possível ver PMs rindo enquanto promovem a expulsão.

Ataques à aldeia derivam de especulação imobiliária

Moradores denunciam que estes ataques vêm ocorrendo desde o dia 23/02, quando a PM invadiu pela primeira vez as terras para retirar os moradores. Na ocasião, os militares passaram o dia no local e derrubaram a casa de um dos moradores. A residência estava vazia na hora porque a moradora, uma mulher grávida, havia ido ficar com parentes.

Segundo apoiadores da causa, essas invasões por parte do GDF e da PM tem ligação com especulação imobiliária, pois os ataques à aldeia começaram somente após o início da construção do condomínio Jardins Genebra, próximo às terras indígenas. Denunciam ainda que por vezes foram grileiros nas terras, carregando supostos documentos de propriedade. Os indígenas recusaram-se a sair frente as tentativas dos grileiros e, então, a PM assumiu a repressão.

Além disso, no mesmo dia da visita do dia 29/02, os grandes empresários do condomínio Jardins Genebra tiveram uma reunião com o GDF. Moradores e apoiadores da aldeia denunciaram que os servidores públicos saíram da reunião direto para a terra indígena.

Indígenas criticam governo

Em grupo de apoio à causa indígena no DF, os ativistas criticam o silêncio de supostas “lideranças” indígenas quanto ao que vem ocorrendo na aldeia Ahain Aam.

Em uma das mensagens, um integrante do grupo republicou um post recente de Sônia Guajajara comemorando a chamada “bancada do cocar” e comentou “enquanto isso, a poucos quilômetros do despejo [no Congresso], só alegria”, referindo-se ironicamente a situação de conflito vivida pelos indígenas no DF.

Outro diz ainda que “é por isso que não ajudaram [a aldeia Ahain Aam]. Estavam muito ocupados pedindo dinheiro para a bancada do cocar”.

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