A aldeia Teko Haw, local de moradia e resistência do povo Guajajara do Distrito Federal (DF) realizará sua 1ª edição da Feira Teko Haw no domingo, dia 10 de março, dentro da aldeia no setor Noroeste. O evento está programado para iniciar às 10h, com finalização às 18h.
Na feira, haverá exposição de artesanato indígena, venda de alimentos típicos, grafismos, roda de maraká e contação de histórias e debate sobre a situação dos povos Guajajaras, incluindo da atual luta de resistência pela permanência da aldeia Teko Haw em seu território.
O evento acontece com o objetivo não apenas de celebrar a cultura Guajajara, mas também de arrecadar fundos e divulgar a situação da aldeia, que sofre desde o ano passado com ameaça de expulsão por parte de órgãos do governo do Distrito Federal, que em face do crescimento da ocupação do setor Noroeste (região de luxo, com o metro quadrado mais caro do DF), colabora com a especulação imobiliária desenfreada e ameaça ainda mais as comunidades indígenas que vivem no local.
Para a feira, diversos pontos da aldeia estão sendo modificados, para melhor acomodar os visitantes e também para melhor expressar o caráter do espaço.
A aldeia divulgou também os chamados para contribuição com doações de alimentos não perecíveis (em especial, arroz branco e feijão) e produtos de higiene (incluindo fraldas descartáveis e absorventes), que serão recebidos no local. Além disso, visando fortalecer a segurança da Teko Haw, doações financeiras podem ser feitas por pix para compra de materiais de construção e outros itens necessários para melhoria de sua infraestrutura. A chave Pix para doações é: [email protected]
A resistência dos Guajajara contra sua remoção
Os indígenas da aldeia Teko Haw resistem à repressão desde que criaram a aldeia. Uma apoiadora da causa indígena, entrevistada pelo correspondente local, afirmou que “nesse contexto de luta que se encontra a comunidade do povo Guajajara da aldeia Teko Haw, situada em Brasília, que, seguindo a tradicional resistência dos povos indígenas que vem sendo travada desde a invasão, se posiciona contra a injustiça imposta pela máfia imobiliária, que enxerga na terra apenas o lucro, excluindo da equação a vida existente no local e comercializando tudo o que encontra pela frente”.
A aldeia se encontra ameaçada pois a documentação e regularização de seu território, há décadas em andamento, enfrenta entraves burocráticos, negligência do governo e ameaças do mercado imobiliário. Parte do território foi, inclusive, invadida nos últimos meses por órgãos do governo local. O Ministério Público Federal chegou a recomendar a remoção da aldeia Teko Haw do Noroeste, pois, segundo o órgão, o povo Guajajara não pertence à Comunidade Indígena do Sagrado dos Pajés — Pajé Santxiê Tapuya.
O território é ocupado por diferentes aldeias e comunidades indígenas há décadas. Apesar disso, o reconhecimento de fato segue protelado, com crescentes ameaças aos indígenas em luta pela terra.