Editorial semanal – Finda a ‘festa’, vem a ressaca

Editorial semanal – Finda a ‘festa’, vem a ressaca

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Foto: EVARISTO SA / AFP

Eleito Luiz Inácio e iniciada a transição por cima do berreiro golpista, o risco imediato de ruptura institucional pelo bolsonarismo perde terreno, mas seguem as ameaças. Enquanto isso, os “campeões da democracia” (burguesa), os monopólios de imprensa, seus articulistas e os defensores do “deus mercado” voltam à realidade ao constatar a magnitude da crise e os desafios para manter a velha ordem em crise dentro dos próximos anos.

Em editoriais, a mesma canalha dos monopólios de imprensa, que trombeteou a vitória do PT como “ressurreição da democracia”, já aponta suas artilharias para impor o programa de governo da direita liberal ao eleito, contando como apoio as próprias forças que desde dentro do governo fazem pressão a Luiz Inácio. A crise que se agravará é de tal monta que o novo governo que nem ainda assumiu tem que lidar com o acidentado terreno político em que se meteu.

A PEC da Transição (que pode virar uma Medida Provisória), discutida pela equipe de transição do novo governo com o Congresso, pretende impor um rombo fiscal de até R$ 200 bilhões, acima do “teto de gastos” (cláusula pétrea do establishment das classes dominantes) para sinalizar cumprir o mínimo das promessas do novo governo, para que não se queime já de entrada. Afinal, os de cima estão todos de acordo com tais medidas compensatórias, pois são uma medida de salvação para evitar entornar de vez o caldo quente.

É demagogia, pura e simples, que não se pode encobrir de todo. O novo governo tem claro que nos próximos meses e anos, ou quiçá, nos quatro anos seguinte terá que levar a cabo ataques draconianos contra os direitos e interesses fundamentais das classes populares, para atender aos interesses sagrados das classes dominantes, principalmente de um sistema imperialista em profunda crise e apaziguar a direita tradicional que lhe acossa desde dentro do governo. Daí que para não se desmoralizar com as massas empobrecidas, é preciso iniciar o governo cumprindo uma de suas promessas. Mas nem por todas essas razões o dito “mercado financeiro” deixa de emitir ruídos – ecoados pelos editoriais dos monopólios de imprensa –, forças com as quais o eleito se comprometeu a estabilizar as “contas públicas” e “atrair investimentos estrangeiros” (imperialistas).

Enfim, o próximo governo, tendo prometido atender as demandas mínimas do povo, mas já comprometido, em primeiro lugar, com o imperialismo, a grande burguesia e latifundiários locais, terá que se portar como equilibrista para não cair logo da corda e se desmoralizar de vez – eis uma tarefa impossível, ainda que exija mais ou menos tempo para se comprovar. Finda a “festa da democracia”, a falsa esquerda oportunista eleitoreira e seus acompanhantes de viagem já sentem a ressaca.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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