Poema: Animais humanos

Reproduzimos abaixo um poema de um apoiador, escrito nos primeiros dias do ataque sionista a Gaza.

Poema: Animais humanos

Reproduzimos abaixo um poema de um apoiador, escrito nos primeiros dias do ataque sionista a Gaza.
Print Friendly, PDF & Email
Animais humanos 

encurralados. 

Pais de família 

desesperados. 

Mães e avós 

desconsoladas. 

Filhos dos filhos 

dos exilados. 

Herdeiros de tantas guerras

por escombros soterrados. 

Animais humanos 

os condenados da terra.

Flagelados pelos mísseis,

degredados pela guerra.

Não aceitam a derrota,

não entregam suas terras.

Suas mulheres e crianças 

são os alvos ideais: 

tanto morrem

mas não se esvaem,

se reproduzem demais.

Suas peles tem a tez

muito escura para ter vez

nessa terra do oriente

que se pretende ocidente.

E ocidente não é lugar

para humanos animais,

onde a civilidade reina

sob a belicosa paz.

Humanos não animais 

não aceitam a barbárie.

Se a incivilidade 

Impera em um país 

(ainda mais se há petróleo)

cabe à civilização 

invadir e ocupar,

massacrar e destruir,

aprisionar e fuzilar,

bombardear e demolir,

espancar, apedrejar 

humilhar, crucificar,

torturar para garantir 

a imperiosa PAX.

Humanos não animais 

em sua cruzada sagrada,

de combate ao terror

não matam pelo varejo 

nem compadecem da dor. 

Não sucumbem ao desejo 

de ver como seus iguais 

àqueles terroristas,

os humanos animais.

Os humanos de verdade  

matam por motivo nobre:

democracia e civilidade,

guerreiam contra a pobreza

destruindo com ela o pobre. 

Com seus coturnos veganos

arrombam portas de casas,

profanam as mesquitas 

dessacram os seus decanos.

Aprisionam crianças

torturam adolescentes.

Às mulheres, mães de família,

vêm trazer a liberdade 

abolir a lei da Sharia 

semear diversidade. 

Diversidade de bombas

que matam com igualdade. 

Atentados à bomba 

são atos de animais.

Os humanos de fato

não praticam terrorismo

(tal palavra controversa

carregada de cinismo).

Os animais humanos

se abate no atacado,

em massa, industrialmente,

como se chacina o gado.

Verdadeiros seres humanos 

matam com modernidade,

com o aperto de um botão.

Com bombardeio cirúrgico

ou arrasa quarteirão.

Campas de refugiados,

cercos expiatórios,

jejuns obrigatórios

para pagar o pecado

da audácia de existir

o crime imperdoável 

de nascer atrevidamente

nesta terra prometida 

por YHWH ao ocidente.

O homem virtuoso

ao contrário do barbário,

do outro, do diferente,

mata criteriosamente 

com método rigoroso. 

Os humanos animais,

os trata enquanto tais:

os mata sem piedade

com impessoalidade 

em escalas industriais. 

Os condena ao degredo 

trancados dentro de um gueto, 

atrás do arame farpado, 

em campos amontoados 

trajando pijamas listrados 

numa câmara de gás.
Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: