Policiais assassinam 9 pessoas, invadem casas e proíbem circulação de moradores durante megaoperação em 13 favelas do Rio (atualizado)

Policiais militares assassinaram 7 pessoas, invadiram casas, proibiram a circulação de moradores e ocasionaram o fechamento de escolas e clínicas de saúde durante uma megaoperação que atingiu todas as favelas dos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro.

Policiais assassinam 9 pessoas, invadem casas e proíbem circulação de moradores durante megaoperação em 13 favelas do Rio (atualizado)

Policiais militares assassinaram 7 pessoas, invadiram casas, proibiram a circulação de moradores e ocasionaram o fechamento de escolas e clínicas de saúde durante uma megaoperação que atingiu todas as favelas dos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro.
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Atualização (28/02): O número total de assassinados pelos agentes de repressão subiu para 9 no total. Além de promoverem a paralisação de serviços básicos nas favelas e nos bairros próximos, o povo sofreu ainda a violação de direitos com a invasão contra residências. Não deixe de conferir o programa A Propósito do dia 27 de fevereiro, onde exibimos uma entrevista exclusiva com um morador do Complexo do Alemão e tratamos com profundidade das operações genocidas promovidas pelo governador assassino e terrorista Cláudio Castro.


Policiais militares assassinaram 9 pessoas, invadiram casas, proibiram a circulação de moradores e ocasionaram o fechamento de escolas e clínicas de saúde durante uma megaoperação que atingiu todas as favelas dos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro. Comunidades adjacentes como Flexal, Trem, Engenho da Rainha, Juramento, Juramentinho, Ipase, Guaporé e Quitungo também foram alvo. Na zona sul e na zona oeste, as favelas Cidade de Deus e Rocinha foram cercadas por policiais. Uma outra megaoperação tomou ainda o Complexo da Maré, executada por policiais da Polícia Civil. A ação conta como mais uma megaoperação de chacina realizada pelo governador Cláudio Castro durante seus anos de mandato no Rio de Janeiro, com apoio logístico, financeiro e político do governo federal.

Quatro dos mortos foram assassinados por equipes do 21° Batalhão de Polícia Militar no Complexo da Penha. O batalhão é comandado pelo tenente-coronel Alexander Pereira Cardozo. Outras quatro pessoas ficaram feridas no Flexal e uma outra foi alvejada em Nova Brasília. 

[Atualização 27/02, 18h07: As megaoperações também contam com o contingente do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Ações com Cães (BAC). Ambas as forças policiais cumprem papel central nas operações genocidas promovidas pelo governo do RJ nas favelas]

Os mortos foram, em muitas ocasiões, deixados largados pelos PMs. Moradores tiveram que recolher os cadáveres e carregá-los para locais adequados, por vezes sob ameaças e miras dos militares. Vídeos nas redes sociais mostram moradores carregando corpos ensanguentados em diferentes partes do Complexo do Alemão.

Moradores também denunciam que tiveram suas casas invadidas pelos policiais militares. Vídeos disponíveis nas redes sociais mostram os militares disparando de dentro das residências violadas.

Policiais disparam de dentro de casa de moradores, no Complexo do Alemão. Foto: Voz das Comunidades

Escolas e clínicas fechadas

Como resultado da invasão, 20,5 mil alunos de escolas municipais ficaram sem aula. No Complexo da Penha, foram 16 escolas da rede municipal que suspenderam as aulas. Elas atendem 4,8 mil alunos. Já no Alemão, 20 unidades municipais deixaram de funcionar por conta da megaoperação, violando o direito de aprender de 7,1 mil estudantes. Na Maré, onde a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil empreende a megaoperação, 24 escolas que atendem 8,1 mil alunos fecharam. Por fim, no Morro do Trem, 342 alunos de 2 escolas não puderam estudar.

O direito ao trabalho também foi violado, uma vez que pequenos comerciantes das favelas foram impedidos de abrir seus estabelecimentos. Na Avenida Itararé, principal via em frente ao Complexo do Alemão, todos os comércios fecharam.

Unidades de saúde também tiveram que deixar de atender doentes hoje. No Alemão, a Clínica da Família (CF) Zilda Arns interrompeu o funcionamento, enquanto na Penha a Clínica da Família Aloysio Augusto Novis suspendeu as visitas domiciliares. Já na Maré, a CF Jeremias Moraes da Silva também interrompeu o funcionamento durante a manhã, e a CF Diniz Batista dos Santos interrompeu visitas às casas dos moradores.

Além disso, ao menos 15 linhas de ônibus municipais deixaram de circular durante a manhã. Isso ocorreu porque os tiros disparados durante a megaoperação policial cruzaram a garagem da Viação Nossa Senhora de Lourdes, na Penha. Os ônibus atendem pelo menos 130 mil pessoas.

[Atualização, 27/02, 18h10: De acordo com o correspondente local de AND, a região ainda estava sem luz por conta de danos causados ao transformador de energia. Um morador informou que a Light, grande empresa responsável pelo fornecimento de energia na cidade notificou que só tornaria a subir na região quando a situação “estivesse sob controle”, deixando os moradores no clima de incerteza sobre quando terão o direito básico de acesso a energia de volta]

Clima de revolta

Segundo internautas, mototaxis do Complexo do Alemão planejam um protesto contra a chacina policial. É possível que em outras favelas o clima de rebelião se repita. Somente neste ano, moradores realizaram protestos na Maré, contra uma operação no dia 8 de fevereiro, e em Manguinhos, no dia 18 de janeiro. Na Maré, um jovem foi executado à queima-roupa por PMs durante o protesto. O assassinato covarde aumentou ainda mais a revolta dos moradores contra a violência policial.

As operações de hoje somam à extensa lista de operações promovidas pelo governador Cláudio Castro contra as favelas do Rio de Janeiro. Até agora, Castro já é responsável por 3 das 5 maiores chacinas da história do RJ. No ano passado, o governador genocida recebeu investimentos de centenas de milhões de reais do governo federal para a compra de novos equipamentos para as polícias. Castro também foi elogiado por Lula em comícios organizados no Rio de Janeiro no ano passado.

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