Panamá: Trabalhadores de aplicativo em greve de fome por melhores salários

Panamá: Trabalhadores de aplicativo em greve de fome por melhores salários

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Trabalhadores entregadores da PedidosYa realizam greve por tempo indefinido e greve de fome. Foto: Bienvenido Velasco

Centenas de trabalhadores entregadores da multinacional PedidosYa realizam uma greve nacional por tempo indefinido desde o dia 27 de maio, e muitos deles iniciaram greve de fome exigindo melhores salários e condições de trabalho. A superexploração dos entregadores se agrava na medida em que os preços dos combustíveis aumentam e as empresas não dão as mínimas condições de trabalho, com cobrança de taxas abusivas que diminuem o valor que é recebido pelos trabalhadores para abaixo do necessário para a sua sobrevivência. Como consequência da greve nacional dos entregadores, o aplicativo se encontra fora de operação no Panamá desde então.

No dia 30/05, cerca de 200 entregadores percorreram algumas das principais ruas da capital Panamá em suas motocicletas até a sede da empresa no país para protestar contra suas condições de trabalho e exigir pagamentos justos. Dois dias depois, dezenas de entregadores iniciaram uma greve de fome exigindo que a Ouvidoria e o Ministério do Trabalho e Desenvolvimento Trabalhista mediem as negociações. 

Atualmente, os entregadores recebem apenas 1,5 dólares (cerca de R$ 7) por pedido e exigem um aumento para 3,50 dólares (cerca de R$ 16). A primeira exigência, após começada a greve, é o religamento de cerca de 100 trabalhadores que foram demitidos pela PedidosYa por participarem da greve. Eles também exigem que a empresa ofereça um seguro contra acidentes, materiais para o trabalho, entre outras demandas.

Os trabalhadores relatam que pagam pelas roupas de trabalho específicas para motocicleta, o uniforme da PedidosYa, a caixa para transportar as comidas e pagam pelo combustível e a manutenção da motocicleta, sua principal ferramenta de trabalho, tudo isso sob um contrato que coloca os motoristas como “autônomos” (ou seja, sem qualquer direito trabalhista). “A inflação subiu muito e os implementos que precisamos, como borracha, gasolina, manutenção, ficaram muito caros”, afirmou um trabalhador ao monopólio de imprensa EFE.

Imperialismo alemão na América Latina

A PedidosYa, fundada por um argentino no Uruguai, mais tarde foi adquirida pelo monopólio imperialista alemão Delivery Hero, que opera em países da Europa, América Latina, Ásia e Oriente Médio, com uma renda de mais de um bilhão de dólares.

Em todo o mundo a Delivery Hero enfrenta denúncias que vêm de uma luta decidida dos trabalhadores contra a superexploração e o status de trabalhadores “autônomos” ou “parceiros”. Na Grécia, os trabalhadores que não aceitassem a mudança de “empregado” para “autônomo”, teriam seus contratos cancelados pela filial local da Delivery Hero. Além disso, o monopólio enfrenta denúncias de mentiras em contratos, benefícios não pagos e demissões sem motivo, assim como entregadores de diversos países das filiais da Delivery Hero, como do Canadá, lutam pela criação de sindicatos.

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