RJ: Policiais militares agridem camponeses e destroem roças no Porto do Açu

RJ: Policiais militares agridem camponeses e destroem roças no Porto do Açu

Print Friendly, PDF & Email

No dia 5 de abril, policiais militares agrediram camponeses e destruíram roças na região de São João da Barra, no Rio de Janeiro, a serviço da empresa Gás Natural Açú (GNA), em prol do megacomplexo imperialista Porto do Açu. A ação criminosa se deu para a construção de linhas de transmissão de energia, com policiais atirando spray de pimenta contra os camponeses e tratores destruindo a plantação de abacaxi crescida.

Vídeo registra ataque dos policiais. Vídeo: Reprodução

A luta camponesa no local já completa uma década contra o Porto do Açu, lançado por Eike Batista e pela governadora reacionária Rosinha Garotinho, no final de 2006. A construção do complexo de exportação de minérios expropriou a terra de cerca de 1.500 famílias camponesas na região, impactando 32 municípios que abarcam o estado de Rio de Janeiro e Minas Gerais, no ano de 2012.

O Porto do Açu, por sua vez, é gerido por um Fundo de Investimentos norteamericano, a EIG, e seu braço brasileiro, a Prumo Logística, e a maioria de seus terminais de exportação estão sob administração direta de diversas empresas imperialistas do ramo da mineração, entre elas a Anglo American (inglesa, uma das maiores do mundo) e outras empresas francesas e belgas.

Hoje, os camponeses seguem sendo acossados nas terras que arrendam, como é o caso da construção das linhas de transmissão de energia, que restringem as terras para os camponeses que já foram expulsos pelo Porto de suas propriedades e hoje são obrigados a arrendar para poder plantar. Isso, além de retirar grandes faixas da terra dos camponeses e proprietários médios da região. A destruição das plantações foi realizada sem sequer mandado judicial.

Dez anos de luta

As famílias camponesas resistiram bravamente contra a expulsão de suas terras durante anos. A desapropriação só foi possível após uma campanha covarde de ameaças e perseguições por agentes privados de segurança da então LLX (empresa de Eike Batista antes de sua prisão) e do 8° Batalhão da Polícia Militar (PM) de Campos de Goytacazes. Até hoje as famílias não receberam os valores prometidos na desapropriação promovida pela Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro (Codin) do governador Sérgio Cabral.

Entretanto, os protestos nunca deixaram de ocorrer, com os camponeses realizando manifestações combativas como fechamento de estradas com pneus queimados ao longo dos anos.

Protesto no norte do RJ. Foto: Reprodução

No mesmo dia em que ocorreu a destruição de roças pela Polícia Militar, os camponeses protestavam na câmara de vereadores de São João da Barra contra o fechamento de um acesso para a Lagoa de Iquipari pela Prumo Logística, impedindo que os camponeses possam trabalhar com pesca.

Norte do RJ tem a maior concentração fundiária do estado

De acordo com o artigo Distribuição da terra e disponibilidade de área nos estabelecimentos familiares do Rio de Janeiro, de 2020, o norte do estado do Rio de Janeiro tem a maior concentração fundiária do estado. O estudo, que traz dados de 2006, foi feito sob Índice Gini e aponta o norte do estado com uma concentração de 0,812, sendo 1 concentração fundiária máxima.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: