Luiz Inácio se reuniu hoje com os ministros do governo Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Comunicação Social) e com os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), no Senado, Jaques Wagner (PT-BA) e no Congresso Nacional, o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) para discutir a crise institucional. O mandatário também planeja se reunir com os ministros do STF, o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
O encontro ocorreu depois do aumento das tensões envolvendo as diferentes instituições do Estado. Nas duas últimas semanas, o presidente da Câmara chamou o ministro Alexandre Padilha de “incompetente” e moveu projetos e CPI’s contrários aos interesses do STF e o governo federal. Dentre eles, estão a criação de um GT na Câmara para discutir a prerrogativa parlamentar e avaliar “exageros” do Supremo (contrários aos interesses da corte) e projetos de aumento dos gastos com emendas e quinquênios aos magistrados (que se chocam com os interesses do governo).
Depois da conversa, o deputado José Guimarães afirmou que “não tem crise”, apesar do governo precisar de um “consertinho” com Lira. “Tem três palavras que eu resumiria: diálogo, paciência e capacidade de articulação. É o que nós temos de ter nesse momento”, disse ele. E acrescentou que: “Tem que ter sempre sintonia com o Lira. É só fazer um consertinho aqui, um consertinho acolá, mas nada que atrapalhe a nossa vontade – e o presidente Lira tem tido essa vontade de votar os projetos importantes para o país”.
Os movimentos de Luiz Inácio são um novo passo da política de apaziguamento do governo para tentar resolver a crise institucional. No dia 15/4, o mandatário também se reuniu com os ministros do STF, Flávio Dino, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Cristiano Zanin, em um encontro que contou com a presença do ministro da Justiça Ricardo Lewandowski e o representante da Advocacia Geral da União, Jorge Messias.
Até aqui, a estratégia de apaziguamento tem falhado: a crise continua a se desenvolver, com novas expressões de tensão entre o STF e o Congresso a cada dia que se passa; o governo, em vez de se fortalecer, atende cada vez mais exigências dos reacionários, fortalecendo-os em suas posições de chantagistas e tornado a si próprio um refém mais inocente.
Nessa semana, o governo afastou o primo de Arthur Lira da Superintendência do Incra de Alagoas, em um movimento que irritou o parlamentar. A retirada foi uma exigência do MST. Poucos dias depois, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, anunciou que recebeu de Lira uma nova indicação ao órgão, e que a pessoa seria nomeada. Em outras palavras, seis foram trocados por meia-dúzia, o primo foi substituído pelo amigo, e a exigência de troca no órgão foi ignorada em nome da reacionária governabilidade.