Camponeses são reprimidos por agentes da Polícia Federal e por paramilitares em Machadinho D’Oeste, Rondônia

Camponeses que ocuparam recentemente a fazenda Ipê, em Machadinho D’Oeste, região nordeste de Rondônia, denunciaram um ataque brutal ao acampamento, promovido por um bando de paramilitares e policiais da PF, no dia 07 de março de 2024.

Camponeses são reprimidos por agentes da Polícia Federal e por paramilitares em Machadinho D’Oeste, Rondônia

Camponeses que ocuparam recentemente a fazenda Ipê, em Machadinho D’Oeste, região nordeste de Rondônia, denunciaram um ataque brutal ao acampamento, promovido por um bando de paramilitares e policiais da PF, no dia 07 de março de 2024.
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Representantes das famílias camponesas que ocuparam recentemente a fazenda Ipê, em Machadinho D’Oeste, região nordeste de Rondônia, denunciaram um ataque brutal ao acampamento, promovido por um bando de paramilitares e policiais, no dia 07 de março de 2024.

Os acampados foram surpreendidos por vários homens sem farda que invadiram o acampamento pela mata. O bando paramilitar algemou, espancou os trabalhadores e os entregou a policiais que estavam esperando numa área de soja, com várias viaturas e até um helicóptero. Os camponeses pensaram que seriam encarcerados, mas sofreram nova sessão de agressão física, dessa vez pelos policiais; apenas um acampado foi levado preso. O helicóptero, provavelmente era o mesmo que atuou na região de Machadinho, desde o dia 05 de março, e que tinha a inscrição Polícia Federal no corpo e Polícia Rodoviária Federal na cauda.

Os representantes dos camponeses suspeitam que um dos mandantes desse crime seja o latifundiário ladrão de terras públicas da União “Ivo da Ipê”, que se diz o dono da fazenda Ipê – terras públicas destinada à reforma agrária – griladas por seu sogro, Sijuca, já falecido, proprietário da Madeireira Ipê, em Jaru.

Sijuca é um antigo inimigo dos camponeses, responsável pelo assassinato do camponês Ivo Martins, da Área Cristo Rei, em Cacaulândia, segundo denúncias feitas por lideranças da luta pela terra ao Ministério do Desenvolvimento Agrário, em fevereiro de 2003. Camponeses também o responsabilizam pelos assassinatos covardes dos companheiros Tonha e Serafim, no dia 01 de agosto de 2003. Eles eram lideranças de vários acampamentos na região de Machadinho e foram vítimas de uma emboscada, quando voltavam de uma reunião no Incrade Ariquemes, marcada de emergência pelo órgão federal.

Mais repressão à justa luta pela terra

Este novo ataque a camponeses, no início de março, se soma a vários outros na região, promovidos por um consórcio de latifundiários da extrema-direita que tem atuado com grupos paramilitares em conjunto com as tropas oficiais do velho Estado.

No dia 28 de fevereiro, um helicóptero da polícia tinha sobrevoado várias áreas de luta pela terra em Machadinho. Camponeses de ao menos 3 localidades relataram o sobrevoo desta aeronave, que saiu cedo do município e só retornou pra base no final da tarde. Lideranças camponesas da região temem que isso seja parte de algum planejamento conjunto entre latifundiários e polícias para uma onda de repressão a camponeses em luta pelo direito a terra.

Na semana passada, camponeses da área Paredão, na rodovia RO-257, também em Machadinho, se reuniram para preparar a resistência contra nova ordem de despejo, expedida injustamente pelo judiciário. Terra pública, tem uma ordem da justiça federal para retirar o fazendeiro, desde 2012 – para isso nunca vieram, para retirar os camponeses, já despejaram cerca de 3 vezes.

Há meses helicóptero da polícia vem sobrevoando várias áreas camponesas em Machadinho e tem ocorrido movimentação dos latifundiários na região. Tudo indica que a polícia e o judiciário em conluio e a serviço dos latifundiários ladrões de terra pública, preparam novos ataques aos camponeses em luta pelo direito a terra.

‘Não sairemos de nossas terras!’

Os camponeses da região estão atentos, se organizam e se preparam para resistir aos ataques e as injustas ações de despejos.

Por outro lado, os camponeses organizados reafirmam sua decisão de resistir em suas terras e se preparam, cada vez de forma mais unida, organizada e combativa.


O conteúdo dessa matéria foi alterado no dia 6 de abril, às 14h51.

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