Na Colômbia, Petro demite ministros, mas de quem é a culpa da crise?

Presidente oportunista demitiu sete ministros em meio a impasse sobre reformas.
Presidente da Colômbia demitiu 7 ministros em meio à crise política. Foto: Matias Martin Campaya/EPA-EFE/REX/Shutterstock
Presidente da Colômbia demitiu 7 ministros em meio à crise política. Foto: Matias Martin Campaya/EPA-EFE/REX/Shutterstock

Na Colômbia, Petro demite ministros, mas de quem é a culpa da crise?

Presidente oportunista demitiu sete ministros em meio a impasse sobre reformas.
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No dia 26 de abril, o presidente oportunista da Colômbia, Gustavo Petro, exigiu a renúncia de grande parte dos seus ministros. A ordem para a renúncia ocorreu em meio a um impasse entre os diferentes grupos políticos e frações das classes dominantes reacionários daquele país no que tange à aprovação das reformas prometidas por Petro durante sua campanha eleitoral. 

Ao menos sete ministérios foram substituídos após a ordem de Petro, a maioria deles de setores estratégicos do país. Foram eles: Fazenda, Agricultura, Indústria, Turismo, Transporte e Comércio e Ciência.

Esse desenvolvimento da crise política na Colômbia ocorre em meio ao impasse entre os diferentes setores das classes dominantes colombianas em torno das reformas propostas pelo oportunista Petro – como as da previdência, trabalhista, judiciária e da saúde. Atualmente, o principal ponto de choque entre os reacionários do governo colombiano se dá em torno da reforma da saúde, que busca diminuir o poder das Empresas Prestadoras de Saúde (empresas de capital não-estatal que intermediam o atendimento do Sistema Geral de Saúde ao povo). Nessa disputa, grupos mais explicitamente vinculados ao imperialismo berram sobre o absurdo da medida. Em verdade, estes grupos estão preocupados com a necessidade do imperialismo de, em meio à crise, absorver cada vez mais serviços do Estado a fim de atingir o lucro máximo. Enquanto isso, Petro (que chamou estes setores para o seu governo) se vê forçado a fazer malabares políticos. Transparecendo avanços em medidas reformistas paliativas que não vão ao fundo da questão política e econômica colombiana, busca agradar sua base e cumprir ao mínimo suas promessas eleitoreiras, fazendo assim, elevar a legitimidade da velha ordem de opressão e exploração sobre as massas colombianas. 

Ainda como parte dessas manobras, Petro avança com a verborragia “desenvolvimentistas” para o país, porém alcançará tão somente o alavancar do financiamento de obras da grande burguesia por meio do capital estatal, engordando os bolsos das classes dominantes com verbas públicas oriundas do trabalho do povo colombiano. Exemplos dessas obras são ferrovias, estradas e canais fluviais que visam impulsionar o escoamento e exportação da produção agrícola do latifúndio colombiano. E aqui também se evidencia um traço semelhante ao Brasil: o papel central que o latifúndio tem no país (que se manteve intacto durante séculos e ainda hoje se faz presente).

Neste sentido, essa política reacionária também se expressa através da própria substituição do ex-ministro da Fazenda José Antonio Ocampo, tido desde sua indicação como um agrado à oligarquia financeira, por Ricardo Bonilla, diretor da Financiera de Desarrollo Territorial S.A., banco de “desenvolvimento” ligado ao velho Estado colombiano por meio do Ministério de Finanças e Crédito Público. Dessa forma, Petro mantém o comprometimento de seu governo com o latifúndio e com a grande burguesia ligadas ao velho Estado do país. 

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A constante piora na vida das massas é a consequência mais importante desse comprometimento de Petro com a reação colombiana na manutenção do velho Estado colombiano. Em todo o país, a pobreza e a fome se registram em níveis exorbitantes. Somente na capital Bogotá, a fome aumentou de 14%, em 2019, para 25%, em 2022. Ademais, no campo, são vários os massacres, despejos e cometidos contra camponeses e indígenas em luta. Nos primeiros três meses de 2023, quatro signatários dos acordos de paz das Farc e 31 lideranças comunitárias foram assassinados. Já durante o ano passado, as forças militares reacionárias de Gustavo Petro foram responsáveis pelo massacre de 11 camponeses na região de Putumayo e de 23 guerrilheiros durante uma operação em Arauca. Ademais, Gustavo Petro utilizou o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad; força de choque da polícia a qual Petro prometeu dissolver durante a campanha eleitoral) para promover diversos despejos e repressões contra indígenas e camponeses nas regiões de Cauca, Curumarri, Dagua e Caguán

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Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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