Ex-comandante e Luiz Inácio impediram prisão de ‘galinhas verdes’ no 8/1 para proteger família do general Villas-Bôas

A decisão contou com o aceite de Luiz Inácio, que prevaricou junto de Arruda frente às possibilidades, reais ou não, de “sublevação”. 

Ex-comandante e Luiz Inácio impediram prisão de ‘galinhas verdes’ no 8/1 para proteger família do general Villas-Bôas

A decisão contou com o aceite de Luiz Inácio, que prevaricou junto de Arruda frente às possibilidades, reais ou não, de “sublevação”. 
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Segundo informações reveladas pela jornalista Denise Assis, do portal Brasil 247, o propósito do ex-comandante do Exército, Júlio César Arruda, ao posicionar tanques em frente ao acampamento bolsonarista no QG do Exército na noite do dia 8 de janeiro – impedindo, assim, a prisão dos “galinhas verdes” – foi proteger a filha e a esposa do ex-comandante, Eduardo Villas-Bôas. A decisão contou com o aceite de Luiz Inácio, que prevaricou junto de Arruda. 

Já era suspeito há tempos que o acampamento em frente ao QG foi usado de base temporária para militares reacionários e familiares que tomaram parte na bolsonarada do 8/1, e que os tanques serviram como proteção para sua saída antes da entrada das tropas da Polícia Militar (PM). Na época, a justificativa oficial e que mais repercutiu na imprensa foi que a entrada da PM foi adiada para evitar um “banho de sangue”, uma vez que haviam “galinhas verdes” armados no acampamento que poderiam reagir. No entanto, essa não é a versão real dos fatos.

A verdade é que o comandante do Exército, Júlio Cesar Arruda, descobriu a presença de Maria Aparecida e Ticiana Villas-Bôas no acampamento e que as mesmas haviam participado da invasão à praça dos Três Poderes. O então comandante do Exército entrou em contato com Gustavo Henrique Dutra, comandante militar do Planalto, para armar o enfileiramento dos blindados na entrada do quartel e impedir a entrada da PM. Dutra recebeu ainda a tarefa de falar com Luiz Inácio, informá-lo e convencê-lo a suspender a ordem. Dutra falou primeiro com o general Gonçalves Dias, então ministro do GSI, e o convenceu a passar para o mandatário. Na conversa, Dutra relatou para Luiz Inácio a presença de Maria Aparecida e Ticiana, alertou o presidente de que havia risco de sublevação caso a prisão das mesmas fosse efetuada, uma vez que a figura de Villas-Bôas é unanimidade na caserna. Luiz Inácio, assim, acatou a ordem. 

Maria Aparecida Villas-Bôas, esposa do ex-comandante, foi uma figura extremamente ativa nas articulações pela ruptura institucional. Ela visitou acampamentos com frequência, chegando a dar a entender em uma das visitas que Villas-Bôas estava com ela e foi até mesmo em uma das reuniões da cúpula militar para discutir o golpe.

Os fatos revelados explicitam o grau da crise militar na qual ainda está mergulhada a Nação. Afinal, se a simples prisão de familiares de um ex-comandante poderia desatar um processo de ruptura da hierarquia e disciplina na caserna, a única certeza que podemos ter é de que essa mesma hierarquia e disciplina estão extremamente fragilizadas. E, de fato, estão: as tropas não mudaram, tampouco o essencial do comando delas. Quem pode crer que o Brasil está mesmo a salvo de uma ruptura institucional, como sugerem os liberais e oportunistas?

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