RO: Pistoleiro assassina camponês morador do acampamento Escurão

Adelmo Umbilino foi encontrado morto em sua casa com marcas de tiro de arma de fogo. O assassinato ocorreu menos de um mês após ataques e ameaças de pistoleiros contra as famílias do acampamento.
Assassinato de camponês ocorreu menos de um mês após ataques contra acampamento Escurão, onde vivem mais de 30 famílias. Foto: Banco de Dados AND
Assassinato de camponês ocorreu menos de um mês após ataques contra acampamento Escurão, onde vivem mais de 30 famílias. Foto: Banco de Dados AND

RO: Pistoleiro assassina camponês morador do acampamento Escurão

Adelmo Umbilino foi encontrado morto em sua casa com marcas de tiro de arma de fogo. O assassinato ocorreu menos de um mês após ataques e ameaças de pistoleiros contra as famílias do acampamento.
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O camponês Adelmo Umbilino, morador do acampamento Escurão, em Rondônia, foi encontrado morto em sua casa na tarde do dia 21 de abril após ter sido assassinado a tiros por pistoleiros a mando do latifúndio. A denúncia é da Associação Brasileira de Advogados do Povo (Abrapo).

De acordo com a denúncia promovida pela Abrapo no dia 24/04, o camponês “foi encontrado morto em sua residência, tendo sido encontrado em seu corpo marcas de tiro de arma de fogo”. A Abrapo denuncia ainda que o acampamento Escurão “está sendo alvo de ataques de pistoleiros desde o mês de março” e que as terras ocupadas se tratam de “terras públicas griladas por fazendeiro da região”.

O assassinato de Adelmo ocorreu menos de um mês apoś um ataque a tiros promovido por pistoleiros contra o acampamento Escurão e é mais um grave elemento no cenário de recrudescimento da repressão e da pistolagem contra à luta camponesa no país. O assassinato de Adelmo eleva para quatro o número de camponeses assassinados pela pistolagem em Rondônia nos quatro primeiros meses de 2023. 

O covarde assassinato do camponês Adelmo Umbilino ocorreu após uma série de crimes alarmantes cometidos pelo latifúndio contra as mais de 30 famílias camponesas que vivem no acampamento Escurão, dirigido pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP). 

No mês de março, paramilitares contratados pelo latifúndio atacaram as famílias camponesas com tiros de arma de fogo e ameaças. Segundo denúncia promovida pela Abrapo sobre o caso, o terrorismo promovido pelo ataque pistoleiro forçou os moradores, dentre eles crianças e idosos, a recuarem para dentro da mata para não serem alvejados pelos tiros. A nota afirma ainda que a Polícia Civil de Rondônia não impediu o ataque, apesar de estar ciente do caso, e ainda prendeu três camponeses que denunciaram o crime. 

Além das ameaças durante o ataque, os camponeses relatam que os milicianos do latifúndio têm promovido intimidações e coações durante incursões militares nas casas dos moradores do acampamento. Durante as incursões, os pistoleiros ameaçam os camponeses a abandonarem suas terras “por bem ou por mal”. 

Quatro assassinatos em quatro meses em RO

Esse recrudescimento do terror latifundiário contra o acampamento Escurão registrado no último mês se soma às diversas denúncias feitas no início de 2023 sobre o aumento das prisões, ataques e assassinatos contra as massas camponesas e indígenas que lutam pela terra no país. Somente em Rondônia, três camponeses foram executados por pistoleiros e policiais militares antes do mais recente caso de Adelmo Umbilino. Foram eles Patrick Gasparini, morador da Área Tiago Campin dos Santos, assassinado na fazenda Norbrasil, e Rodrigo Hawerroth e Raniel Laurindo, torturados e assassinados por policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) no acampamento Tiago Campin dos Santos, em Nova Mutum. 

Toda essa repressão brutal desencadeada contra os camponeses faz parte, segundo a LCP, da busca do latifúndio rondoniense, a pistolagem, a polícia militar e o governo de Rondônia de “incrementar a repressão às Áreas camponesas na região” por meio de sucessivos crimes. 

Após a execução de Rodrigo Hawerroth e Raniel Laurindo, a LCP afirmou, sobre a alarmante frequência de crimes cometidos contra camponeses pobres em Rondônia, que “não é a primeira vez que o Bope, essa tropa de assassinos, de bandidos fardados, comete matanças de camponeses nessa região. Sempre atuando de forma totalmente arbitrária e sanguinária, buscam em vão aterrorizar as famílias na tentativa de freiar a luta camponesa pela terra para servir aos interesses dos latifundiários ladrões de terra. Foi assim que assassinaram os Companheiros Amarildo, Amaral e Kevin em agosto de 2021, os Companheiros Gedeon e Rafael, em outubro de 2021, entre outros camponeses.”.

Apesar de todo o terrorismo promovido pelo latifúndio, a organização camponesa destacou, em nota mais recente, que “a luta camponesa não pode ser paralisada nem contida por maior que seja a repressão” e que “a Revolução  Revolução Agrária é hoje uma necessidade premente de todo o povo brasileiro contra a crise geral, econômica, social, política e moral de um sistema putrefato adornado com o véu de ‘democracia’, no qual entra governo e sai governo, e só se aprofunda, jogando milhões e milhões de brasileiros à miséria e à fome”.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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